A Educação Física é uma disciplina riquíssima de conteúdos historicamente acumulados, estando intimamente relacionada com a cultura de um povo. Isso fica claro nos documentos norteadores nacionais (Parâmetros Curriculares Nacionais, PCN) destacam que:
O ser humano, desde
suas origens, produziu cultura. Sua história é uma história de cultura, na
medida em que tudo o que faz está inserido num contexto cultural, produzindo e
reproduzindo cultura. O conceito de cultura é aqui entendido como produto da
sociedade, da coletividade à qual os indivíduos pertencem, antecedendo-os e
transcendendo-os (PCNs, 2007, p. 23).
Nesse contexto, pode-se
observar que a Educação Física permite ao aluno vivenciar “diferentes práticas
corporais advindas das mais diversas manifestações culturais” (PCNs, 2007, p.24).
Desse modo, os conteúdos dessa disciplina são divididos em “danças, esportes,
lutas, jogos e ginásticas, onde compõem um vasto patrimônio cultural que deve
ser valorizado, conhecido e desfrutado” (PCNs, 2007, p.24).
Com isso, é possível notar
que esses conteúdos sempre estiveram presentes na vida do homem, principalmente
os jogos, que desde o nascimento da criança são praticados, ou seja, ela começa
a brincar com seu próprio corpo e com o que está à sua volta até a vida adulta
(SOLER, 2006). Para que isso ocorra de forma eficiente, é necessário que tenha
uma preocupação com o desenvolvimento da criança por completo, visando
compreender as inúmeras facetas do aprimoramento motor e as necessidades
individualizadas de cada um nesse período.
Segundo Jean Piaget, existe uma classificação de jogos baseado na
evolução das estruturas que correspondem ao desenvolvimento infantil, são elas:
a fase sensório-motora, fase pré-operacional e a fase das operações concretas
(SOLER, 2006).
Os jogos da primeira
infância representam uma importante base que ao longo da vida, serão
desenvolvidos até a fase adulta, permitindo a criança ter um contato com os que
estão a sua volta fazendo com que ela, olhe, escute, produza sons e ritmos,
realize movimentos, manipule objetos diversos. Com isso, a criança aprende a
explorar seu próprio corpo, espelhar e imitar ao mesmo tempo em que realiza
ações para reter/soltar, aparecer/desaparecer, encontrar/perder, juntar e
separar (SOLER, 2006).
Nesse aspecto, deve-se
entender que o jogo é um importante auxiliador no processo de formação do ser
humano, permitindo a ele explorar o mundo que o rodeia. Desta forma, ele reforça a convivência
com os outros aderindo comportamentos saudáveis modificando e aprimorando o
relacionamento interpessoal. O jogo propicia equilíbrio do corpo que, regula
tensões e leva o indivíduo a relaxar, se divertir, sentir prazer, ao mesmo
tempo em que ocorrem novas experimentações das atividades lúdicas. Com isso, a
criança se sente mais livre, pois no jogo há muitas escolhas que permite a ela
estruturar-se e reestruturar-se diante das dificuldades (SOLER, 2006).
Sendo assim, o jogo assume
a função de acentuar a ligação entre o corpo e o movimento partindo de uma
construção individualizada da criança criando um ambiente propício para a
aprendizagem, e assim aumentando as ramificações motoras, dando a possibilidade
do educando participar de “atividades
de caráter recreativo, cooperativo, competitivo, entre outros, para aprender a
diferenciá-las.” (PCNs, 2007 p. 27). Sendo assim, envolvidas por meio da prática,
percebe-se que o ato de brincar está muito além de se relacionar com o objeto,
podendo se aproximar e se relacionar com os outros e o ambiente.
Mantendo essa ideia, o jogo
na infância é essencial, pois não induz a criança a jogar por obrigação, pois mesmo
possuindo regras a serem seguidas, pode-se optar por querer jogar ou não.
Huzinga (1996 apud Soler 2006) explica que “antes de mais nada”, o jogo é uma
atividade voluntária, sujeito a ordens (p.45)”. Embora existam ganhadores e
perdedores o jogo possui um forte caráter lúdico e prazeroso que estimula a
criança a desenvolver sua prática (SOLER, 2006). Isso é de suma importância
para o aprendizado da criança, pois de acordo com Carvalho (1992):
[...] o ensino
absorvido de maneira lúdica, passa a adquirir um aspecto significativo e
afetivo no curso do desenvolvimento da inteligência da criança, já que ela se
modifica de ato puramente transmissor a ato transformador em ludicidade,
denotando-se, portanto em jogo (apud CAMPUS p.28).
Para Serrão(2009) alguns
autores como Chateau (1975), Kamii (2003), Neto (2003), Kishimoto (1994), Ortiz
(2005), Valenzuela (2005), Gómez e Samaniego (2005) “têm demonstrado que o jogo
promove o desenvolvimento da criança e as suas capacidades, não apenas as
motoras, mas também psicológicas, ou seja, em todas as áreas de
desenvolvimento”(p.6). Isso porque durante o jogo as ações da criança geram
novas situações que são criadas e recriadas. No momento do jogo, a imaginação
da criança é estimulada. Além disso, ocorre o desenvolvendo de habilidades
físicas e mentais sem que ela perceba.
Nesse ponto, os documentos
norteadores nacionais (PCNs), propõe que a incrementação dos jogos na prática
da educação física escolar , facilita a
autonomia dos alunos para monitorar as próprias atividades, regulando o
esforço, traçando metas, conhecendo as potencialidades e limitações e sabendo
distinguir situações de trabalho corporal que podem ser prejudiciais.
Diante desse benefício, as
escolas do Ensino Fundamental, normalmente
encontram obstáculos para desenvolver todo este processo. Isso se deve
pelas dificuldades encontradas no campo educacional. No entanto, isso não deve
ser um ponto para impedir a prática dos jogos no âmbito escolar, ou seja, é de
suma importância a aplicação dessas atividades lúdicas no Ensino Fundamental.
Desse modo, os professores
precisam se conscientizar da importância dos jogos para o desenvolvimento da
criança e aplicá-los de acordo com a faixa etária de cada um, para que todos
apresentem uma significativa evolução em seu desenvolvimento afetivo,
cognitivo, mental e físico, oferecendo atividades que possibilitam a criança ter
um aprendizado integral, incentivando-a a explorar os movimentos, e assim,
construir seu próprio conhecimento.
Contudo, o presente
projeto propõe por meio dos jogos, competitivos e cooperativos, apresentar e reafirmar
conceitos, organizando-os de forma coerente, proporcionando, juntamente com a
criança, a construção do conhecimento. Sendo assim, a divertida arte de
apreender com os jogos, foi elaborado como uma maneira do educando ou da
criança adquirirem, por intermédio do jogo, um conhecimento e uma melhor
organização dos pensamentos. Dessa maneira, o
tema tem como ideia principal estimular as crianças a saírem do seu estado de
comodismo e conhecerem o universo do movimento e suas diversas áreas,
descobrindo como é essencial e divertida a arte de jogarem.
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