ASPECTOS IMPORTANTES SOBRE A ABORDAGEM CRITICO SUPERADORA

1. Contextualização Histórica

a)   Na Economia:

Para Neto (2004)  o ano de 1970  foi marcado por um crise no neoliberalismo assim teóricos da época apontam que a única forma da economia sair da crise mundial e retomando as propostas neoliberais. Uma década depois Magarei Tatcher  fez da Inglaterra o primeiro pais a implementar o neoliberalismo com seu modelo mais puro. De acordo com o mesmo autor para se sair da crise mundial foi elaborado um conjunto de reformas concretas no que se remete ao plano econômico, político, jurídico e educacional. Desse modo foi firmado um “serie de estratégias culturais orientadas a impor novos diagnósticos acerca da crise e construir novos significados sociais, legitimando as reformas neoliberais como sendo as únicas possíveis no contexto atual (NETO,2004). Inúmeros países romperam o encanto com o neoliberalismo e aderem esse modelo, assim deixando livre a concorrência de mercado ditarem o destino da sociedade brasileira

Nos anos 90, entretanto, amargaram a crise econômica e fiscal do país, sendo os modelos de saúde vigentes profundamente acometidos por esta realidade, cuja complexidade levou o governo a implementar um conjunto de programas, ações regulatórias e novas modalidades de alocação de recursos, objetivando melhorar a equidade e a eficácia no SUS (REIS; HORTALE, 2004).

b) Na educação:

O período correspondente as anos de 1970 foi marcado por ter 50%  das escolas primarias desertavam em condições de semi analfabetismo ou de analfabetismo potencial na maioria dos países da America latina. Isso sem se levar em conta a contingente de crianças em idade escolar que sequer tem acesso a escola e que portanto já se encontraram marginalizada. È nesse contexto educacional que Saviani em 1983 se inspira  e escreve um livro titulado em Escola e Democracia, tendo como temática principal a marginalização do aluno e delineando as teorias existentes no pais em dois grupos, um que visa a superação da marginalidade( teorias não criticas e as críticos reprodutivista)  e a outra entende a educação como instrumento de discriminação social(teorias criticas)
Outro ponto a ser destacado e que o Brasil no final dos anos 70 e anos 80 passou por um conturbado contexto social e político que aguçou a busca por teorias pedagógicas que se contrapusessem a ordem vigente, e é nesse contexto que se encaixa as pedagogias contra-hegemônicas. Essas pedagogias de forma sistemática colocam a educação a serviço dos interesses da classe dominada, que luta para transformar e instaurar uma nova forma de sociedade

c) Na educação Física:
A Educação Física no período correspondente ao século XX sofreu grandes mudanças, no aspecto estrutural, recebendo inúmeras inflencias de tendências educacionais regente nessa época, tanto das área filosóficas, como das políticas, cientificas e pedagógicas.  Isso fica claro conforme a contextualização contida nos PCNs – Parâmetros curriculares nacionais,  no qual afirma que :

a Educação Física escolar sofreu, no Brasil, influências de correntes de pensamento filosófico, tendências políticas, científicas e pedagógicas. Assim, até a década de 50, a Educação Física ora sofreu influências provenientes da filosofia positivista, da área médica (por exemplo, o higienismo), de interesses militares (nacionalismo, instrução pré- militar), ora acompanhou as mudanças no próprio pensamento pedagógico (por exemplo, a vertente escola-novista na década de 50)(p.21)

O mesmo documento aponta alguns fatos importantes que marcaram a educação física no momento histórico correspondente as décadas de 50 e 60, onde foi marcado pela importação de métodos ginásticos, como o alemão, sueco, francês e o desportivo generaliza que exerceram grande influencia nas praticas corporais desse período e um repressão por parte do regime ditatorial sobre a escolanovista
Já no período correspondente ao final da década de 1960 ate a década de 1980 o fenômeno esporte transforma-se em sinônimo de Educação Física e símbolos do fenômeno esportivo, fazendo relação do esporte com a saúde e as aulas de educação física para seleção de talentos, assim o professor passa a ser o tereinador e o Aluno-atleta. Desse modo o foco principal passa a ser o rendimento Maximo e a seleção dos melhores, visando a técnica, treinamento e os resultados isso fica claro no livro Escola e Democracia de Demerval Saviani
No entanto no percurso histórico da Educação física pode-se notar que nem sempre a teoria acompanha a pratica, pois com os PCNs colocam, existe uma “ distância entre as concepções teóricas e a prática real nas escolas. Ou seja, nem sempre os processos de ensino e aprendizagem acompanharam as mudanças, às vezes bastante profundas, que ocorreram no pensamento pedagógico desta área”(p.21) .
Na década de 70, ocorre outro processo de transformação educacional na área da Educação Física, sofrendo mais uma vez influências importantes no aspecto político, tanto é que:

governo militar investiu nessa disciplina em função de diretrizes pautadas no nacionalismo, na integração (entre os Estados) e na segurança nacionais, objetivando tanto a formação de um exército composto por uma juventude forte e saudável como a desmobilização das forças políticas oposicionistas. As atividades esportivas também foram consideradas importantes na melhoria da força de trabalho para o milagre econômico brasileiro (p. 21).


Tanto é que esse tal milagre econômico gerou inúmeras afirmações tais como a “Pra Frente Brasil”  que em tempos depois conforme aborda em sua fala é o tema de é considerado o primeiro filme  a tratar de:

 temas como a  morte, a tortura e o desaparecimento político sob o regime militar. Ganhou os prêmios  de melhor filme e melhor editor no festival de Gramado de 1982, mas, apesar disso, foi  vetado pela divisão de censura, da Polícia Federal, no momento em que se expirava, por lei, o prazo de 20 dias para a emissão do parecer.( ALMEIDA, 2011)

Com isso observa-se que esse foi um momento em que acontecia muitas coisas, porém nem tudo era revelado, justamente pela censura existente
Nesse período, estreitaram-se os vínculos entre esporte e nacionalismo. Um bom exemplo é o uso que se fez da campanha da seleção brasileira de futebol, na Copa do Mundo de 1970, período no qual onde se esquece dos problemas sociais para se pensar no momento na gloria da seleção brasileira.
No que diz ao âmbito escolar a partir do Decreto no 69.450, de 1971, a Educação Física passou a ser considerada como .a atividade que, por seus meios, processos e técnicas, desenvolve e aprimora forças físicas, morais, cívicas, psíquicas e sociais do educando.

O decreto deu ênfase à aptidão física, tanto na organização das atividades como no seu controle e avaliação, e a iniciação esportiva, a partir da quinta série, se tornou um dos eixos fundamentais de ensino; buscava-se a descoberta de novos talentos que pudessem participar de competições internacionais, representando a pátria( PCNs, 2007, p.21)

Nesse período foi o chamado modelo piramidal. norteou as diretrizes políticas para a Educação Física: a Educação Física escolar e o desporto estudantil seriam a base da pirâmide; a melhoria da aptidão física da população urbana e o empreendimento da iniciativa privada na organização desportiva para a comunidade comporiam o desporto de massa, o segundo nível da pirâmide. Este se desenvolveria, tornando-se um desporto de elite, com a seleção de indivíduos aptos para competir dentro e fora do país.
Na década de 80 ocorre um crise  na Educação Física com a contestação do modelo esportivista, surge então um modelo que  se opõe ao anterior  classificado por alguns como recreacionista, o famoso rola-bola.
Desse modo esse modelo acarretou conseqüências no campo esportivo, pois o “Brasil não se tornou uma nação olímpica e a competição esportiva da elite não aumentou significativamente o número de praticantes de atividades físicas”( PCNs, 2007) .
Com isso é declarado uma profunda crise de identidade na área de Educação Física, originado assim uma mudança expressiva nas políticas educacionais: a Educação Física escolar, que estava voltada principalmente para a escolaridade de quinta a oitava séries do primeiro grau, passou a dar prioridade ao segmento de primeira a quarta séries e também à pré-escola. O objetivo passou a ser o desenvolvimento psicomotor do aluno, propondo-se retirar da escola a função de promover os esportes de alto rendimento.
Sendo assim a história do esporte é uma  história relativamente autônoma que, mesmo estando  articulada com os grandes  acontecimentos da história econômica e política, tem seu próprio tempo, suas próprias  leis de evolução, suas próprias crises, em suma, sua cronologia específica.”  (BOURDIEU, 1984).
Com isso no campo da Educação Física surge inúmeros debates, onde apontou as primeiras produções sobre as novas tendências que acercam essa área.


2.  Abordagens pedagógicas

Em oposição à vertente mais tecnicista, esportivista e biologicista surgem novas abordagens na Educação Física escolar a partir do final da década de 70, inspiradas no momento histórico social pelo qual passou o país, nas novas tendências da educação uma maneira geral, além de questões específicas da própria Educação Física.
Atualmente coexistem na área várias concepções, todas elas tendo em comum a tentativa de romper com o modelo anterior, fruto de uma etapa recente da Educação Física.
Essas abordagens resultam da articulação de diferentes teorias psicológicas, sociológicas e concepções filosóficas. Todas essas correntes têm ampliado os campos de ação e reflexão para a área, o que a aproxima das ciências humanas. Embora contenham enfoques diferenciados entre si, com pontos muitas vezes divergentes, têm em comum a busca de uma Educação Física que articule as múltiplas dimensões do ser humano.
As abordagens que tiveram maior impacto a partir de meados da década de 70 são comumente denominadas de psicomotora, construtivista e desenvolvimentista com enfoques da psicologia crítica, com enfoque sociopolítico, embora outras transitem pelos meios acadêmico e profissional, como, por exemplo, a sociológica-sistêmica e a antropológica-cultural.

Abordagem psicomotora
A psicomotricidade é o primeiro movimento mais articulado que aparece a partir da década de 70 em contraposição aos modelos anteriores. Nele, o envolvimento da Educação Física é com o desenvolvimento da criança, com o ato de aprender, com os processos cognitivos, afetivos e psicomotores, ou seja, buscando garantir a formação integral do aluno.
A Educação Física é, assim, apenas um meio para ensinar Matemática, Língua Portuguesa, sociabilização... Para este modelo, a Educação Física não tem um conteúdo próprio, mas é um conjunto de meios para a reabilitação, readaptação e integração, substituindo o conteúdo que até então era predominantemente esportivo, o qual valorizava a aquisição do esquema motor, lateralidade, consciência corporal e coordenação viso-motora.
Este discurso penetrou no contexto escolar, tendo sido aceito pelos diferentes segmentos que o compõem, como diretores, coordenadores e professores. O discurso e a prática da Educação Física sob a influência da psicomotricidade conduzem à necessidade de o professor de Educação Física sentir-se um professor com responsabilidades escolares e pedagógicas. Buscam desatrelar sua atuação na escola dos pressupostos da instituição desportiva, valorizando o processo de aprendizagem e não mais a execução de um gesto técnico isolado.
A principal vantagem desta abordagem é que ela possibilitou uma maior integração com a proposta pedagógica ampla e integrada da Educação Física nos primeiros anos de educação formal. Porém, representou o abandono do que era específico da Educação Física, como se o conhecimento do esporte, da dança, da ginástica e dos jogos fosse, em si, inadequado para os alunos.

Abordagem construtivista

É preciso lembrar que, no âmbito da Educação Física, a psicomotricidade influenciou a perspectiva construtivista-interacionista na questão da busca da formação integral, com a inclusão das dimensões afetivas e cognitivas ao movimento humano. Na discussão do objeto da Educação Física escolar, ambas trazem uma proposta de ensino para a área que abrange principalmente crianças na faixa etária até os 10-11 anos.
Na perspectiva construtivista, a intenção é a construção do conhecimento a partir da interação do sujeito com o mundo, e para cada criança a construção desse conhecimento exige elaboração, ou seja, uma ação sobre o mundo. Nesta concepção, a aquisição do conhecimento é um processo construído pelo indivíduo durante toda a sua vida, não estando pronto ao nascer nem sendo adquirido passivamente de acordo com as pressões do meio.
Conhecer é sempre uma ação que implica esquemas de assimilação e acomodação num processo de constante reorganização.
A meta da construção do conhecimento é evidente quando alguns autores propõem como objetivo da Educação Física respeitar o universo cultural dos alunos, explorar a gama múltipla de possibilidades educativas de sua atividade lúdica e, gradativamente, propor tarefas cada vez mais complexas e desafiadoras com vista à construção do conhecimento.
A proposta teve o mérito de levantar a questão da importância de se considerar o conhecimento que a criança já possui na Educação Física escolar, incluindo os conhecimentos prévios dos alunos no processo de ensino e aprendizagem. Essa perspectiva também procurou alertar os professores sobre a importância da participação ativa dos alunos na solução de problemas.

Abordagem desenvolvimentista

A abordagem desenvolvimentista é dirigida especificamente para a faixa etária até 14 anos e busca nos processos de aprendizagem e desenvolvimento uma fundamentação para a Educação Física escolar. É uma tentativa de caracterizar a progressão normal do crescimento físico, do desenvolvimento motor e da aprendizagem motora em relação à faixa etária e, em função dessas características, sugerir aspectos ou elementos relevantes à estruturação de um programa para a Educação Física na escola.
A abordagem defende a idéia de que o movimento é o principal meio e fim da
Educação Física, propugnando a especificidade do seu objeto. Sua função não é desenvolver capacidades que auxiliem a alfabetização e o pensamento lógico-matemático, embora tal possa ocorrer como um subproduto da prática motora. Em suma, uma aula de Educação Física deve privilegiar a aprendizagem do movimento, conquanto possam estar ocorrendo outras aprendizagens, de ordem afetivo-social e cognitiva, em decorrência da prática das habilidades motoras.
Grande parte do modelo conceitual desta abordagem relaciona-se com o conceito de habilidade motora, pois é por meio dela que os seres humanos se adaptam aos problemas do cotidiano. Como as habilidades mudam ao longo da vida do indivíduo, desde a concepção até a morte, constituíram-se numa área de conhecimento da Educação Física . o Desenvolvimento Motor. Ao mesmo tempo, estruturou-se também uma outra área em torno da questão de como os seres humanos aprendem as habilidades motoras . a Aprendizagem Motora.
Para a abordagem desenvolvimentista, a Educação Física deve proporcionar ao aluno condições para que seu comportamento motor seja desenvolvido pela interação entre o aumento da diversificação e a complexidade dos movimentos. Assim, o principal objetivo da Educação Física é oferecer experiências de movimento adequadas ao seu nível de crescimento e desenvolvimento, a fim de que a aprendizagem das habilidades motoras seja alcançada. A criança deve aprender a se movimentar para adaptar-se às demandas e às exigências do cotidiano, ou seja, corresponder aos desafios motores.
A partir dessa perspectiva passou a ser extremamente difundida a questão da adequação dos conteúdos ao longo das faixas etárias. A exemplo do domínio cognitivo, foi proposta uma taxionomia para o desenvolvimento motor, ou seja, uma classificação hierárquica dos movimentos dos seres humanos.

Abordagens críticas

Com apoio nas discussões que vinham ocorrendo nas áreas educacionais e na tentativa de romper com o modelo hegemônico do esporte praticado nas aulas de Educação Física, a partir da década de 80 são elaborados os primeiros pressupostos teóricos num referencial crítico, com fundamento no materialismo histórico e dialético.
As abordagens críticas passaram a questionar o caráter alienante da Educação Física na escola, propondo um modelo de superação das contradições e injustiças sociais. Assim, uma Educação Física crítica estaria atrelada às transformações sociais, econômicas e políticas, tendo em vista a superação das desigualdades sociais1.
Esta abordagem levanta questões de poder, interesse e contestação. Acredita que qualquer consideração sobre a pedagogia mais apropriada deve versar não somente sobre como se ensinam e como se aprendem esses conhecimentos, mas também sobre as suas implicações valorativas e ideológicas, valorizando a questão da contextualização dos fatos e do resgate histórico. Busca possibilitar a compreensão, por parte do aluno, de que a produção cultural da humanidade expressa uma determinada fase e que houve mudanças ao longo do tempo. Essa reflexão pedagógica é compreendida como sendo um projeto político pedagógico. Político porque encaminha propostas de intervenção em determinada direção, e pedagógico porque propõe uma reflexão sobre a ação dos homens na  realidade, explicitando suas determinações. Quanto à seleção de conteúdos para as aulas de Educação Física, sugere que se considere a sua relevância social, sua contemporaneidade e sua adequação às características sociocognitivas dos alunos. Em relação à organização do currículo, ressalta que é preciso fazer o aluno confrontar os conhecimentos do senso comum com o conhecimento científico, para ampliar o seu acervo.
Além disso, sugere que os conteúdos selecionados para as aulas de Educação Física devem propiciar uma melhor leitura da realidade pelos alunos e possibilitar, assim, sua inserção transformadora nessa realidade.
A Educação Física é entendida como uma área que trata de um tipo de conhecimento, denominado cultura corporal de movimento, que tem como temas o jogo, a ginástica, o esporte, a dança, a capoeira e outras temáticas que apresentarem relações com os principais problemas dessa cultura corporal de movimento e o contexto histórico-social dos alunos.
Em resumo, a introdução das abordagens psicomotora, construtivista, desenvolvimentista, e críticas no espaço do debate da Educação Física proporcionou uma ampliação da visão da área, tanto no que diz respeito à natureza de seus conteúdos quanto no que refere aos seus pressupostos pedagógicos de ensino e aprendizagem. Reavaliaram-se e enfatizaram-se as dimensões psicológicas, sociais, cognitivas, afetivas e políticas, concebendo o aluno como ser humano integral. Além disso, foram englobados objetivos educacionais mais amplos, não apenas voltados para a formação de físico que pudesse sustentar a atividade intelectual, e conteúdos mais diversificados, não só restritos a exercícios ginásticos e esportes.
Quadro atual
Na atualidade, as quatro grandes tendências apontadas têm se desdobrado em novas propostas pedagógicas, em função do avanço da pesquisa e da reflexão teórica específicas da área e da educação escolar de forma geral, e da sistematização decorrente da reflexão sobre a prática pedagógica concreta de escolas e professores, que, muitas vezes dentro de situações desfavoráveis, seguem inovando. Ao mesmo tempo, infelizmente, encontra-se ainda, em muitos contextos, a prática de propostas de ensino pautadas em concepções ultrapassadas, que não suprem as necessidades e as possibilidades da educação contemporânea.
Nesse contexto, instala-se um novo ordenamento legal na proposição da atual Lei de Diretrizes e Bases, que orienta para a integração da Educação Física na proposta pedagógica da escola. Ao delegar autonomia para a construção de uma proposta pedagógica integrada, a nova lei responsabiliza a própria escola e o professor pela adaptação da ação educativa escolar às diferentes realidades e demandas sociais.
É importante ressaltar que essa autonomia deve pressupor a valorização do professor e da instituição escolar, criando condições concretas e objetivas para o exercício produtivo dessa responsabilidade, pois a possibilidade de construção deve gerar um avanço em direção ao exercício pleno da cidadania, garantindo a todos os alunos o acesso aos conhecimentos da cultura corporal de movimento. Por outro lado, interesses políticos e econômicos escusos podem, a partir de uma interpretação distorcida da lei, legitimar a descaracterização da
Educação Física escolar, tornando-a mera área técnica ou recreativa, desprovida de função no processo educativo pleno.
É fundamental, portanto, que a escola, a comunidade de pais e alunos e principalmente o professor valorizem-se e sejam valorizados, assumindo a responsabilidade da integração desta área de conhecimento humano ao projeto pedagógico de cada escola, exigindo plenas condições para o exercício de seu trabalho, garantindo para o aluno a manutenção de número adequado de aulas e de condições efetivas para a aprendizagem.
Os Parâmetros Curriculares Nacionais se propõem a contribuir nessa construção, fornecendo subsídios para a discussão e concretização da proposta curricular de cada escola.

3 . A Pedagogia Histórico Critica e sua Contribuição na Educação Física

Para compreender a principais a relação dessa pedagogia com a educaçao deve-se fazer referencia ao autor base dessa teoria, Saviani, no qual em seu livro Escola e Democracia( 1983) explana sobre as principais teorias da educação. Para contextualizar sua fala o autor divide essas teorias em dois grupos da questão da marginalidade relativa ao fenômeno da escolarização, em seu livro Escola e Democracia lançado em 1983, classifica essas teorias em dois grupos:

 as teorias não-críticas e as teorias crítico-reprodutivistas. As teorias não-críticas (pedagogia tradicional, pedagogia nova e pedagogia tecnicista), entendem ser a educação um instrumento de equalização social, portanto, de superação da marginalidade; o autor coloca que essas teorias encaram a educação como autônoma e busca compreendê-la a partir delas mesmas. E as teorias crítico-reprodutivistas (teoria do sistema de ensino como violência simbólica, teoria da escola como aparelho ideológico do Estado e a teoria da escola dualista) entendem ser a educação um instrumento de discriminação social, logo, um fator de marginalização. Esse grupo compreende a educação remetendo-a sempre a seus condicionantes objetivos, isto é, à estrutura socioeconômica que determina a forma de manifestação do fenômeno educativo( SAVIANI,  2005  apud HERMIDA et.al, 2011)

Partindo desse pressuposto, Hermida et.al ( 2011)  ressalta o ponto em que Saviani faz constatações sobre a escola como um instrumento de superação do problema da marginalidade colocando certo pontos que se remete uma visão critica de sociedade, ou seja esse teoria

[...] trata-se de retomar vigorosamente a luta contra a seletividade, a discriminação e o rebaixamento do ensino das camadas populares. Lutar contra a marginalidade por meio da escola significa engajar-se no esforço para garantir aos trabalhadores um ensino de melhor qualidade possível nas condições atuais. O papel de uma teoria crítica da educação é dar substância concreta a essa bandeira de luta de modo a evitar que ela seja apropriada e articulada com os interesses dominantes (SAVIANI, 2005, p. 31 apud HERMIDA et. al , 2011).

Dessa forma pode-se observar que esse avanço coloca-se em foco a idealização de uma teoria com bases no marxismo, onde Saviani a  chamou de Pedagogia Dialética, que posteriormente denominou Pedagogia Histórico-Crítica. Nas suas origens, a nomenclatura Pedagogia Dialética foi considerada sinônimo de Pedagogia Histórico-Crítica.
Contudo essa mudança ocorreu a partir de 1984, devido a nomenclatura estar causando diferentes interpretações, e também com “[...] o intuito de deixar claro a proposta do autor que é compreender a questão educacional com base no desenvolvimento histórico objetivo - a qual esse estudo se debruçará” (SAVIANI, 2005, p. 31 apud HERMIDA et. al , 2011).
Desse modo muitos autores buscaram na área da educação formas para resolver o problema da Educação Física, assim surge a abordagem Crítico-Superadora se interagiu com essa pedagogia

4.           Princípios Teórico da Abordagem Critico-Superadora

A abordagem Crítico-superadora defende uma perspectiva dialética, ou seja, uma visão de transformação qualitativa, de mudanças, considerando um constante que se interpõe com a realidade, tendo uma visão de totalidade para a construção do conhecimento, auxiliando assim na formação de um indivíduo onilateral, ou seja, um individuo capaz de atuar criticamente no contexto social .
Desse modo os conteúdos devem estar ligados diretamente com o cotidiano dos alunos, para que estes possam aprender assimilar os conceitos da disciplina com os dados da realidade e não apenas decorando e praticando naquele momento, mas entendendo o significado para a sua vida
O Coletivo de Autores (1992) cita alguns princípios curriculares para auxiliar na seleção dos conteúdos, como a relevância social e a contemporaneidade, não se esquecendo do que é considerado clássico da área da Educação Física, a adequação de conceitos, sócio-cognitivas do aluno, a simultaneidade dos conteúdos enquanto dados da realidade e a provisoriedade do conhecimento.
Sendo assim a estruturação dos conteúdos tiveram como referencia de estudo o movimento corporal, ou seja, a cultura corporal do movimento, tendo relação direta com a cultura de uma determinada localidade. Com isso pode notar que:
O ser humano, desde suas origens, produziu cultura. Sua história é uma história de cultura na medida em que tudo o que faz é parte de um contexto em que se produzem e reproduzem conhecimentos. O conceito de cultura é aqui entendido, simultaneamente, como produto da sociedade e como processo dinâmico que vai constituindo e transformando a coletividade à qual os indivíduos pertencem, antecedendo-os e transcendendo-os.( PCNs, 1998, p. 27)

Com isso nota-se que sem cultura não existe o homem, pois ele depende de suas relações com o meio para produzir algo. Nesse ponto a cultura de um povo exerce influencias nos conteúdos da Educação Física aparecendo como cultura do movimento, sendo assim essa vertente busca relacionar a cultura com o movimento corporal e social , compreedendo que :

[...] a Educação Física como uma área de conhecimento da cultura corporal de movimento e a Educação Física escolar como uma disciplina que introduz e integra o aluno na cultura corporal de movimento, formando o cidadão que vai produzi-la, reproduzi-la e transformá-la, instrumentalizando-o para usufruir dos jogos, dos esportes, das danças, das lutas e das ginásticas em benefício do exercício crítico da cidadania e da melhoria da qualidade de vida.Trata-se, portanto, de localizar em cada uma dessas modalidades (jogo, esporte, dança, ginástica e luta) seus benefícios humanos e suas possibilidades de utilização como instrumentos de comunicação, expressão de sentimentos e emoções, de lazer e de manutenção e melhoria da saúde. E a partir deste recorte, formular as propostas de ensino e aprendizagem da Educação Física escolar.( PCNs, 1998, p.28)


Tais conteúdos foram selecionados para, principalmente, ampliar o nível de conhecimento dos alunos, não só nas atividades práticas, mas no confronto com dados da realidade, pois grande parte dos conteúdos nunca foi oportunizada para essas crianças, por serem conteúdos "elitizados", ou por utilizarem materiais de alto custo (esporte sobre rodas) ou por ser necessária a utilização de pesquisa aprofundada, meios de transmissão (documentários) ou também contato direto com culturas (dança, rodas,...), ficando fora do alcance dessas crianças. Contudo nota-se que a idéia principal da abordagem Crítico-superadora, embasa-se no discurso da justiça social no contexto da sua prática. Buscando levantar questões de poder, interesse e contestação, faz uma leitura dos dados da realidade a luz de crítica social dos conteúdos, sendo assim ela pode ser tida como uma reflexão pedagógica e desempenha um papel político-pedagógico, pois encaminha propostas de intervenção e possibilita reflexões sobre a realidade dos homens.
Em fim a Educação Física pode ser entendida como sendo uma disciplina que trata do jogo, da ginástica, do esporte, das lutas e da dança como sendo conhecimentos da cultura corporal do movimento. Buscando entender com profundidade o ensinar, onde não significa apenas transferir ou repetir conhecimentos mas criar as possibilidades de sua produção crítica, sobre a assimilação destes conhecimentos, valorizando a questão da contextualização dos fatos e do resgate histórico. As formas culturais dominantes do movimentar-se humano reproduzem os valores e princípios da sociedade capitalista industrial moderna, sendo o esporte de rendimento paradigmático nesse caso. Reproduzi-los na escola por meio da educação física significa colaborar com a reprodução social como um todo. A linguagem corporal dominante é “ventríloqua” dos interesses dominantes. Assim, a proposta sugere procedimentos didáticos- pedagógicos que possibilitem, ao se tematizarem as formas culturais do movimentar-se humano (os temas da cultura corporal ou de movimento), propiciar um esclarecimento crítico a seu respeito, desvelando suas vinculações com os elementos da ordem vigente, desenvolvendo, concomitantemente, as competências para tal: a lógica dialética para a crítico-superadora, e o agir comunicativo para o crítico- emancipatória. Assim, conscientes ou dotados de consciência crítica, os sujeitos poderão agir autônoma e criticamente na esfera da cultura corporal ou de movimento e também agir de forma transformadora como cidadãos políticos. Vale ressaltar que a proposta critico - superadora,  contrapõe ao modelo hegemônico  burguês e ao neoliberalismo, proporcionando ao educando um conhecimento filosófico e critico sobre as variadas facetas no meio social, possibilitando a ele uma ascensão epistemológica. Nessa perspectiva se cria documentos norteadores da pra a educação física, onde tem como corrente filosófica a teoria critico-superadora, são eles os :
b) Diretrizes Curriculares, DEC: 
Esse documento foi resultado de um intenso processo de discussão coletiva que envolveu professores da rede  estadual de ensino e de instituições de ensino superior. Vinculava-se ao materialismo histórico dialético, matriz teórica que fundamentava a proposta de ensino aprendizagem de todas as disciplinas do currículo. Chegou à escola em 1990 e vigorou, como proposição curricular oficial no Paraná, até quase o final daquela década.
Estas Diretrizes Curriculares, por sua vez, se apresentam como frutos daquela matriz curricular, porém, duas décadas se passaram e o documento atual tem vas marcas de outra metodologia de construção, por meio da qual a discussão  contou com a participação maciça dos professores da rede. Buscou-se manter  o vínculo com o campo das teorias críticas da educação e com as metodologias  que priorizem diferentes formas de ensinar, de aprender e de avaliar. Além  disso, nestas diretrizes a concepção de conhecimento considera suas dimensões  científica, filosófica e artística, enfatizando-se a importância de todas as disciplinas.
Para a seleção do conhecimento, que é tratado, na escola, por meio dos  conteúdos das disciplinas concorrem tanto os fatores ditos externos, como aqueles  determinados pelo regime sócio-político, religião, família, trabalho quanto as  características sociais e culturais do público escolar, além dos fatores específicos do sistema como os níveis de ensino, entre outros. Além desses fatores,  estão os As discussões que culminaram na elaboração do currículo básico ocorreram no contexto da reabertura política, na segunda  metade dos anos de 1980, quando o Brasil saía de um período de 20 anos submetido à ditadura militar.Secretaria de Estado da Educação do Paraná saberes acadêmicos, trazidos para os currículos escolares e neles tomando diferentes  formas e abordagens em função de suas permanências e transformações.
Tais temas foram o mote das discussões propostas para os professores durante  o processo de elaboração destas Diretrizes, trabalhados numa abordagem histórica  e crítica a respeito da constituição das disciplinas escolares, de sua relevância e  função no currículo e de sua relação com as ciências de referência.
Na relação com as ciências de referência, é importante destacar que as  disciplinas escolares, apesar de serem diferentes na abordagem, estruturam-se  nos mesmos princípios epistemológicos e cognitivos, tais como os mecanismos  conceituais e simbólicos. Esses princípios são critérios de sentido que organizam  a relação do conhecimento com as orientações para a vida como prática social,  servindo inclusive para organizar o saber escolar.
Embora se compreendam as disciplinas escolares como indispensáveis no  processo de socialização e sistematização dos conhecimentos, não se pode  conceber  esses conhecimentos restritos aos limites disciplinares. A valorização  e o aprofundamento dos conhecimentos organizados nas diferentes disciplinas  escolares são condição para se estabelecerem as relações interdisciplinares,  entendidas como necessárias para a compreensão da totalidade.
Assim, o fato de se identificarem condicionamentos históricos e culturais,  presentes no formato disciplinar de nosso sistema educativo, não impede a  perspectiva interdisciplinar. Tal perspectiva se constitui, também, como concepção  crítica de educação e, portanto, está necessariamente condicionada ao formato disciplinar, ou seja, à forma como o conhecimento é produzido, selecionado, difundido e apropriado em áreas que dialogam mas que constituem-se em suas especificidades.

PCNs  :
 Os Parâmetros Curriculares Nacionais de Educação Física trazem uma proposta que procura democratizar, humanizar e diversificar a prática pedagógica da área, buscando ampliar, de uma visão apenas biológica, para um trabalho que incorpore as dimensões afetivas, cognitivas e socioculturais dos alunos. Incorpora, de forma organizada, as principais questões que o professor deve considerar no desenvolvimento de seu trabalho, subsidiando as discussões, os planejamentos e as avaliações da prática de Educação Física.
Na abertura, o documento apresenta a síntese dos princípios que norteiam a Educação Física no ensino fundamental. A seguir, localiza as principais tendências pedagógicas e desenvolve a concepção da área, situando-a como produção cultural. A primeira parte trata das contribuições para a formação da cidadania, sugerindo possíveis interfaces com os temas transversais, discutindo a natureza e a especificidade do processo de ensino e aprendizagem e expondo os objetivos gerais para o ensino fundamental.
O princípio da diversidade aplica-se na construção dos processos de ensino e aprendizagem e orienta a escolha de objetivos e conteúdos, visando a ampliar as relações entre os conhecimentos da cultura corporal de movimento e os sujeitos da aprendizagem.
Busca-se legitimar as diversas possibilidades de aprendizagem que se estabelecem com a consideração das dimensões afetivas, cognitivas, motoras e socioculturais dos alunos.
Os conteúdos são apresentados segundo sua categoria conceitual (fatos, conceitos e princípios), procedimental (ligados ao fazer) e atitudinal (normas, valores e atitudes). Os conteúdos conceituais e procedimentais mantêm uma grande proximidade, na  medida em que o objeto central da cultura corporal de movimento gira em torno do fazer, do compreender e do sentir com o corpo. Incluem-se nessas categorias os próprios processos de aprendizagem, organização e avaliação. Os conteúdos atitudinais apresentam-se como objetos de ensino e aprendizagem, e apontam para a necessidade de o aluno vivênciá-los de modo concreto no cotidiano escolar, buscando minimizar a construção de valores e atitudes por meio do .currículo oculto..
Com isso fica evidente que a criação desse documentos norteadores da educação física veio como uma possibilidade reverter o quadro educacional, especificamente o da Educação Física, que estava visivelmente desorganizada, dando uma nova cara essa disciplina embasada em preceitos da ciencias humanas
No entanto necessitava da criação de um método que auxiliasse o educador no processo educativo, ou seja, um método pratico e eficaz de desenvolver os conteúdos próprios da educação física sob uma perpctiva critica, sendo assim surge a necessidade entre um grupo de autores de criar um método que auxilie a professor de Educação Física nas suas aulas. Desse modo elabora-se um livro que tenta resolver esse problema, sendo assim, Carmen Lúcia Soares, Celi Nelza Zülke Taffarel, Lino Castellani Filho, Micheli Ortega Escobar, Valter Bracht, se reuniram e se titularam coletivos de autores

Principais autores :

Carmen Lúcia Soares, nascida em Mafra, Santa Catarina, adotou o Paraná desde cedo, lá fazendo o seu curso de graduação em Educação Física. Iniciou seu trabalho no magistério de 1º Grau (pré a 4ª série) já em seu primeiro ano de graduação, 1975, atuando como estagiária em escolas da rede pública do município de Curitiba. Hoje dá seqüência à sua formação acadêmica, desenvolvendo estudos relacionados à Metodologia do Ensino da Educação Física e História da Educação Física escolar, ministrando aulas junto às disciplinas "Didática para o Ensino da Educação Física Escolar" e "Prática de Ensino e Estágio Supervisionado" para o curso de licenciatura em Educação Física/Unicamp. Fez parte da equipe de assessores da área de Educação Física da Secretaria de Educação do Município de São Paulo, durante o segundo semestre de 1990 e parte do primeiro semestre de 1991, e do Departamento de Educação Física da Secretaria de Estado da Educação, Cultura e Esporte de Pernambuco, no mesmo período.

Celi Nelza Zülke Taffarel, nascida em Santa Rosa, RS, cidade onde inicia seus estudos na área de Ciências Exatas, junto à Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras Dom Bosco. Em curto período de tempo redimensiona seus estudos e ingressa no curso de Educação Física da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, curso este concluído em 1976 na Universidade Federal de Pernambuco.
Maria Elizabeth Medicis Pinto Varjal, nascida em Recife, PE, fez seu curso de graduação em Pedagogia na Universidade Federal do Paraná. Formada, foi professora de um curso de magistério para professores leigos das Escolas Comunitárias de Recife. Integrou a equipe dirigente da Secretaria de Educação do Recife na gestão Jarbas Vasconcelos à frente da chefia do gabinete e da coordenadoria do ensino de 5ª a 8ª séries.
Lino Castellani Filho, paulista, nascido em São Paulo, após passar sua juventude/adolescência em Atibaia, interior do Estado, retoma à capital onde, em 1974, conclui sua graduação em Educação Física pela Universidade de São Paulo (USP).
Micheli Ortega Escobar, nascida em Santiago. Chile, graduou-se no curso de Pedagogia em Educação Física no Instituto de Educação Física, Deportes y Kinesiterapia da Universidad de Chile, em janeiro de 1971. Formada também como professora de Educação Física na Educação Primária, foi professora nas escolas primárias do distrito de Talagante, na província de Santiago.
Valter Bracht, nascido na cidade de Toledo, Paraná, ingressou em dois cursos de graduação na Universidade Federal daquele Estado: Geologia e Educação Física. Preferiu ser técnico em Educação Física, tendo concluído este curso em 1980. Formado, passou a trabalhar como técnico no SESC, ao mesmo tempo em que fazia seu curso de Especialização em Treinamento Desportivo, concluído em 1981, ano em que inicia atividade docente na Universidade Estadual de Maringá, onde está até hoje

5- Metodologia Do Ensino de Educação Física

O livro foi escrito refletindo sobre a realidade que os professores de Educação Física enfrentam em sua profissão. Os salários baixos, a falta ou inadequações de materiais nas escolas, a desvalorização da profissão, são pontos marcantes que fazem parte do cotidiano desses profissionais. Porém, visam melhorar sua prática, buscando suprir os conhecimentos adquiridos na sua formação profissional.
Assim, está presente nos temas do livro, teorias para ampliar o conhecimento, visando auxiliar o professor nesse processo de reelaboração dos conhecimentos e experiências cotidianas. Trata de questões teórico-metodológicas que envolvem temas da cultura corporal na Educação Física. Além disso, apresenta elementos básicos que favorecerá a preparação de um programa específico para cada nível.
No primeiro capítulo, "A Educação Física no currículo escolar: desenvolvimento da aptidão física ou reflexão sobre a cultura corporal”, apresenta o objetivo de conduzir o leitor a compreender os aspectos que contribuem para suprir as necessidades atuais das escolas públicas. Sendo que, a função social da Educação Física se faz presente no Projeto Político-Pedagógico.
O segundo capítulo, "Educação física escolar: na direção de uma nova síntese", sugere um entendimento dos fundamentos que regularizaram a Educação Física nas escolas brasileiras, por meio de argumentos científicos na perspectiva histórica.
O terceiro capítulo: "Metodologia do ensino da Educação Física: questão da organização do conhecimento e sua abordagem metodológica". Preconiza áreas específicas da Educação Física voltada para Ensino Fundamental e Médio, além de recomendar formas de organizar os programas específicos. 
O quarto capítulo, "Avaliação do processo ensino-aprendizagem em Educação Física", informa que a avaliação não se limita, mas destaca uma nova concepção que sugere uma variedade de momentos avaliativos e a necessidade de definir e distinguir as finalidades, o sentido, o conteúdo e a forma, que são definidos pela escola.
No final de cada capítulo é proporcionado aos leitores Notas Bibliográficas e à Bibliografia que visam esclarecer conceitos e definições, e propor outras explicações para a problemática da Educação Física escolar.


CAPÍTULO 1
A Educação Física no Currículo Escolar: Desenvolvimento da Aptidão Física ou Reflexão sobre a Cultura Corporal

O autor preconiza que o professor opte, em sua prática, por uma perspectiva que contribua para a melhoria da qualidade pedagógica na escola pública do país. A função social da Educação Física se apresenta por meio de um currículo, juntamente com um Projeto Político Pedagógico. 


Á respeito do projeto político-pedagógico


No Brasil, os interesses da sociedade são conquistados por meio de lutas entre as classes, podendo ser imediatos ou históricos. O objetivo é sustentar a sociedade, considerando esses interesses como essenciais aos indivíduos, definindo ideologias para direcionar a sociedade. 
Esses interesses são distintos e opostos, ou seja, a sociedade não busca os mesmos objetivos, porém as conquistas não ocorrem individualmente. Na realidade, os fatos e conflitos sociais são camuflados, podendo gerar crises. Enfim, é por estas, que as pedagogias se manifestam.
A pedagogia influencia na sociedade por meio de teorias, métodos e reflexões que é proporcionada por meio da educação. Quando está em crise as suas explicações sobre a prática social perdem a validade e eficácia. Assim, novos argumentos pedagógicos são criados para suprir essas necessidades.
Diante dessa necessidade, é elaborada uma pedagogia denominada de crítico-superadora que, segundo Souza (1987), "diagnostica, judicativa e teleológica", buscando corresponder aos interesses das classes. Esse diagnóstico é realizado para analisar as informações que a realidade proporciona. Após definir um juízo de valor, o pensamento pedagógico se refere como judicativa, pois faz julgamento a partir das necessidades de uma classe específica. Quando se apresenta como teleológica, significa que será traçado uma direção podendo manter ou alterar os dados diagnosticados e julgados.
Para definir sua atuação no interior da sala de aula, o educador, necessita compreender como se concretiza no currículo o Projeto Político Pedagógico. Este, envolve toda intenção e estratégia. Sugere uma intervenção por ser político e, por fim, pedagógico, por apresentar explicações por meio da ação do homem na realidade.     


2. Concepção de currículo ampliado


O currículo, ainda se esforça para apresentar uma teoria totalmente aceitável que defina seu objeto de estudo. Com isso, em março de 1987 a março de 1991, foi realizado estudos na Secretaria de Educação, Cultura e Esportes de Pernambuco, que resultou em um progresso teórico-metodológico para o ensino de Educação Física. Nesses estudos foram tratados os conceitos tradicionais e conservadoras do currículo, devido a dificuldade de se formar uma teoria geral de currículo, além de outras necessidades como envolver todo o programa da escola, construir e sistematizar o conhecimento, etc. define-se currículo como trajetória do homem no processo de aprendizagem, definido e aplicado pela escola.
Para isso, é necessário conduzir o aluno a refletir sobre a realidade através dos conhecimentos científicos, do cotidiano e outros pensamentos humanos. Sendo assim, o pensamento do educando se apresenta como objeto do currículo. Sendo assim, o conhecimento científico trata-se de um meio que, unindo o eixo curricular com uma metodologia, favorece a aprendizagem e reflexão do educando. Esse eixo curricular, trata-se de selecionar e organizar os conteúdos a serem explicados pelo educador, isto é, a partir de uma pedagogia e de um conhecimento cientifico.
Normalmente, quando o currículo está vinculado a determinadas atividades profissionais, a pedagogia se encarrega de explicar e desenvolver técnicas e habilidades. Neste sentido, favorece-se o ensino de técnicas, uma pedagogia não crítica e um currículo conservador. Porém, não precisam ser especificamente conservadoras os currículos dessas escolas.
Poderiam desenvolver nos educandos uma reflexão pedagógica ampliada, com preocupações voltadas aos interesses das classes, mas para isso, será necessário na organização curricular outros moldes que, questione o objeto da disciplina curricular e evidencie a função social no currículo, favorecendo a reflexão da realidade de acordo com nível do aluno, já que as matéria curriculares não são aplicadas de forma isolada, ou seja, necessita estar articulada com as demais, proporcionando ao educando uma organização de pensamentos, fazendo-o compreender a realidade social.
O currículo se concretiza na escola quando há uma dinâmica curricular, que é formada pela relação entre as matérias com o próprio currículo, capaz de formar uma base com três pólos que envolvem o conhecimento, a organização e normalização escolar de acordo com Projeto Político Pedagógico da escola. O saber na escola é realizado em um determinado tempo. Este, é organizado na estrutura físico-pedagógica, como biblioteca, quadras, etc. Esses pólos na dinâmica curricular, se completam pelo sistema de leis, normas, padrões, etc., ou seja, pela normatização escolar.
Cap. 2

Educação Física Escolar: na direção da construção de uma Nova Síntese
    A década de 80 aponta os primeiros elementos de uma crítica a sua função sócio-política conservadora no interior da escola. O objetivo é oferecer aos professores de Educação Física um referencial teórico capaz de orientar uma prática docente comprometida com o processo de transformação social.

A Respeito da Pergunta: O que é Educação Física?
     Perguntar o que é Educação Física só faz sentido, quando a preocupação é compreender essa prática para transformá-la. Algumas respostas carecem de uma teorização mais ampla sobre os fundamentos da Educação Física escolar, como por exemplo:
Educação Física é educação por meio das atividades corporais;
Educação Física é educação pelo movimento;
Educação Física é esporte de rendimento;
Educação Física é educação do movimento;
Educação Física é educação sobre o movimento.
Todavia, responder a pergunta "o que é Educação Física?" exige uma análise criteriosa e rigorosa do que a Educação Física vem sendo.
         Uma teoria da prática pedagógica denominada Educação Física vai, necessariamente, ocupar-se da tensão entre o que vem sendo e o que deveria ser, ou seja, da dialética entre o velho e o novo. Mas, o que a Educação Física vem sendo?
Nas décadas de 70 e 80 surgem movimentos "renovadores" na educação física. Entre eles destacam-se a "Psicomotricidade" com variantes como a Psicocinética" de Jean Le Boulch (1978), que se apresentam como contestação à educação física por considerá-la ligada a uma concepção dualista de homem. Le Boulch enfatiza que a "Psicocinética" não é um método de educação física e, sim, uma teoria geral do movimento que permite utilizá-lo como meio de formação. Os movimentos renovadores da educação física do qual faz parte o movimento dito "humanista" na pedagogia, se caracterizam pela presença de princípios filosóficos em torno do ser humano, sua identidade, valor, tendo como fundamento os limites e interesses do homem e surge como crítica a correntes oriundas da psicologia conhecidas como comportamentalistas. Essas correntes fundamentam as teorias de como o indivíduo aprende no esquema estímulo-resposta. Os princípios das correntes comportamentalistas informam a elaboração de taxionomias dos objetivos educacionais.
Os princípios veiculados pela pedagogia humanista foram tratados por Vítor Marinho de Oliveira no livro intitulado Educação Física Humanista, no qual o autor se baseia teoricamente na psicologia humanista de Maslow e Rogers. Essa perspectiva teórica é aquela que desloca a propriedade dada ao produto para o processo de ensino, introduzindo o princípio do ensino, "não diretivo". Situa os objetivos no plano geral da educação integral, onde o conteúdo passa a ser muito mais instrumento para promover relações interpessoais e facilitar o desenvolvimento da natureza, "em si boa", da criança.
Relacionando-se aos princípios humanistas aqui apontado, surge uma outra tendência ligada ao movimento chamado Esporte Para Todos (EPT), que se caracteriza como movimento alternativo ao esporte de rendimento. É importante ressaltar que a concepção de Esporte Para Todos ligada a essa nova antropologia não se fez presente em todas as manifestações desse movimento em nível nacional, especialmente àquelas integrantes das políticas públicas para o setor naquele momento.8

CAPITULO 3:
Metodologia do Ensino da Educação Física: a Questão da Organização do Conhecimento e sua Abordagem Metodológica
Neste capítulo serão abordados alguns aspectos específicos de um programa de Educação Física para o ensino fundamental e médio que venham responder à inquietação do professor quanto ao conhecimento a ser tratado, à sua distribuição nas diferentes séries e aos procedimentos para ensiná-lo.
Estruturar um programa de Educação Física ou de outra disciplina e selecionar os seus conteúdos é um problema metodológico básico, uma vez que, quando se aponta o conhecimento e os métodos para sua assimilação, se evidencia a natureza do pensamento teórico que se pretende desenvolver nos alunos. 1) o conhecimento de que trata a disciplina, sistematizado e distribuído, que geralmente se denomina de conteúdos de ensino; 2) o tempo pedagogicamente necessário para o processo de apropriação do conhecimento; e 3) os procedimentos didático-metodológicos para ensiná-lo.
O Conhecimento de que Trata a Educação Física
A Educação Física é uma disciplina que trata, pedagogicamente, na escola, do conhecimento de uma área denominada aqui de cultura corporal. O homem se apropria da cultura corporal dispondo sua intencionalidade para o lúdico, o artístico, o agonístico, o estético ou outros, que são representações, idéias, conceitos produzidos pela consciência social e que chamaremos de "significações objetivas". Em face delas, ele desenvolve um "sentido pessoal" que exprime sua subjetividade e relaciona as significações objetivas com a realidade da sua própria vida, do seu mundo e das suas motivações.
Por exemplo, o professor vê no basquete um evento, mais do que lúdico, de luta entre duas equipes, das quais uma será naturalmente a ganhadora. A equipe que ganha o faz porque é mais forte, mais hábil, tem mais garra, mais técnica etc. Por esse motivo, para o professor, driblar, correr, passar, fintar etc. devem ser executados sem erros. Isso justifica sua ênfase no treinamento dessas técnicas. Ele dá ao jogo um sentido quase de um trabalho a ser executado com perfeição em todas as suas partes para obter o sucesso ou prêmio, que até pode ser um salário.
A percepção do aluno deve ser orientada para um determinado conteúdo que lhe apresente a necessidade de solução de um problema nele implícito. Vejamos um exemplo: "Organizar atividades de lazer em áreas verdes".
A escola, na perspectiva de uma pedagogia crítico superadora aqui defendida,deve fazer uma seleção dos conteúdos da Educação Física. Essa seleção e organização de conteúdos exige coerência com o objetivo de promover a leitura da realidade. Para que isso ocorra, devemos analisar a origem do conteúdo e conhecer o que determinou a necessidade de seu ensino. Outro aspecto a considerar na seleção de conteúdos é a realidade material da escola, uma vez que a apropriação do conhecimento da Educação Física supõe a adequação de instrumentos teóricos e práticos, sendo que algumas habilidades corporais exigem, ainda, materiais específicos.
O Tempo Pedagogicamente Necessário para o Processo de Assimilação do Conhecimento
Uma nova compreensão da Educação Física implica considerar certos critérios pelos quais os conteúdos serão organizados, sistematizados e distribuídos dentro de tempo pedagogicamente necessário para a sua assimilação. A título de exemplo, vejamos como um mesmo conteúdo pode ser tratado em todos os níveis escolares numa evolução espiralada. É necessário lembrar que a explicação sobre os ciclos foi dada no primeiro capítulo.
No quarto ciclo, o aluno sistematiza o conhecimento sobre os saltos e os conceitos que explicam o conteúdo e a estrutura de totalidade do objeto "'salto", desde as leis físicas e características da ação no nível cinésio/físiológico, até às explicações político-filosóficas da existência de modelos de salto. Pode ainda explicar o significado deles para si próprio, como sujeito do processo de aprendizagem e para a população em geral.
Agora será exemplificada uma das formas possíveis de distribuição do conteúdo nos diversos ciclos do processo de ensino-aprendizagem, com o tema jogos, esporte, ginástica e dança. Os exemplos aqui utilizados têm como referência o livro Contribuição ao debate do currículo em Educação Física: uma proposta para a Escola Pública, da Secretaria de Educação, Cultura e Esportes do Estado de Pernambuco.
Jogo

O jogo (brincar e jogar são sinônimos em diversas línguas) é uma invenção do homem, um ato em que sua intencionalidade e curiosidade resultam num processo criativo para modificar, imaginariamente, a realidade e o presente.
Quando a criança joga, ela opera com o significado das suas ações, o que a faz desenvolver sua vontade e ao mesmo tempo tornar-se consciente das suas escolhas e decisões. Por isso, o jogo apresenta-se como elemento básico para a mudança das necessidades e da consciência.
Um jogo de duas equipes, por exemplo "queimada", envolve a situação imaginária de uma guerra onde uma equipe "extermina" a outra com "tiros" de bola. O imaginário da "guerra" vai sendo escondido pelas regras, cada vez mais complexas, às quais os jogadores devem prestar o máximo de atenção. Por esse motivo é conveniente promover junto aos alunos discussões sobre as situações de violência que o jogo cria e as conseqüentes regras para seu controle. Dessa forma, os alunos poderão perceber, por exemplo, que um jogo como a "queimada" é discriminatório, uma vez que os mais fracos são eliminados (queimados) mais rapidamente, perdendo a chance de jogar. Isso não significa não jogar "queimada", senão mudar suas regras para impedir a sobrepujança da competição sobre o lúdico.
Esporte ‘

O esporte, como prática social que institucionaliza temas lúdicos da cultura corporal, se projeta numa dimensão complexa de fenômeno que envolve códigos, sentidos e significados da sociedade que o cria e o pratica. Por isso, deve ser analisado nos seus variados aspectos, para determinar a forma em que deve ser abordado pedagogicamente no sentido de esporte escola e não como o esporte "na" escola.
Na escola, é preciso resgatar os valores que privilegiam o coletivo sobre o individual, defendem o compromisso da solidariedade e respeito humano, a compreensão de que jogo se faz "a dois", e de que é diferente jogar "com" o companheiro e jogar "contra" o adversário.

Para o programa de esporte se apresenta a exigência de "desmitificá-lo" através da oferta, na escola, do conhecimento que permita aos alunos criticá-lo dentro de um determinado contexto sócio-econômico-político-cultural. Esse conhecimento deve promover, também, a compreensão de que a prática esportiva deve ter o significado de valores e normas que assegurem o direito à prática do esporte.
2.2.1FUTEBOL
O que deveria ser do conhecimento do aluno para podermos afirmai ser ele seu conhecedor? O estudo do futebol na escola pode ser feito mediante uma análise que abarque diferentes aspectos, tais como:
- O futebol enquanto jogo com suas normas, regras, e exigências físicas, técnicas e táticas;
- O futebol enquanto espetáculo esportivo;
- O futebol enquanto processo de trabalho que se diversifica e geri mercados específicos de atuação profissional;
- O futebol enquanto jogo popularmente praticado;
- O futebol enquanto fenômeno cultural/que inebria milhões e milhões de
pessoas em todo o mundo e, em especial, no

Esse mesmo fenômeno cultural chamado, futebol constitui-se também num "mercado de trabalho". Todavia, é um "mercado" que sequer chegou à sociedade do contrato e da venda livre da força de trabalho.

Ao trabalhar essas questões, o professor vai auxiliando o aluno a perceber o que ocorre por trás do campo, ou seja, nos meandros da administração direção do futebol "show", profissional. Perceber, também, o "jogo" que existe entre poder econômico e poder esportivo, assim como o uso da pessoa humana na busca do lucro. Nesse "jogo" há uma exacerbação do nível competitivo, onde os valores de natureza ética se perdem frente à busca da vitória a qualquer custo.
2.2.2. ATLETISMO
O atletismo inclui as práticas do correr, saltar e arremessar/lançar. Essas práticas foram criadas pelo homem. O seu desenvolvimento e evolução são conseqüências da elaboração cultural.
O significado dos seus fundamentos encontra-se na solução que deve ser dada ao problema de maximizar a velocidade (correr), desprender-se da ação da gravidade (saltar) e jogar distante (arremessar/lançar)


Corridas:
- De resistência.
- De velocidade — com e sem obstáculos.
- De campo — cross-country.
- De aclives-declives (de rua ou pedestrianismo).
- De revezamento.

Saltos:
- No sentido horizontal: extensão e triplo.
- No sentido vertical: altura e com vara.

Arremessos:
- Implemento: peso.

Lançamentos:
- Implementos: dardo, disco, martelo.

2.2.3 VOLEIBOL
Pode-se dizer que o propósito desse jogo é evitar que a bola caia no próprio campo de jogo, fazendo-a cair no campo do adversário por cima de uma rede.
Significado dos seus fundamentos:
a) Saque = a forma de iniciar a jogada ou "rally".
b) Recepção = ação de receber o saque do adversário.
c) Levantamento = preparação para o ataque.
 d) Ataque = passar a bola para o campo contrário dificultando a defesa.
e) Moqueio = interceptação do ataque do adversário.
f) Defesa = evitar que a bola caia no próprio campo.

2.2.4. BASQUETEBOL

Jogo no qual disputa-se uma bola, para atingir um alvo, que é defendido pelo adversário, utilizando-se somente as mãos para manejá-la.
Significado dos seus fundamentos:
O basquetebol, como outros jogos de bola, apresenta fundamentos que podem ser motivo de vários jogos. A habilidade de "passar" a bola constitui um interessante tema lúdico desde as primeiras séries do ensino fundamental.

2.3.Capoeira

A capoeira encerra em seus movimentos a luta de emancipação do negro no Brasil escravocrata. Em seu conjunto de gestos, a capoeira expressa, de forma explícita, a "voz" do oprimido na sua relação com o opressor.
Isso leva a entender a riqueza de movimento e de ritmou que a sustentam, e a necessidade de não separá-la de sua história, transformando-a simplesmente em mais uma "modalidade esportiva”.


2.4 Ginástica

A ginástica, desde suas origens como a "arte de exercitar o corpo nu", englobando atividades como corridas, saltos, lançamentos e lutas, tem evoluído para formas esportivas claramente influenciadas pelas diferentes culturas.

No currículo escolar tradicional brasileiro, são encontradas manifestações da ginástica de várias linhas européias, nas quais se incluem formas básicas do atletismo (caminhar, correr, saltar e arremessar), e formas básicas da ginástica (pular, empurrar, levantar, carregar, esticar). Incluem, também, exercícios em aparelhos (balançar na barra fixa, equilibrar na trave olímpica), exercícios com aparelhos manuais (salto com aros, cordas) e formas de luta. Dessa concepção de ginástica, os jogos têm sido parte importante. Enquanto aos exercícios anteriormente citados têm-se atribuído objetivos de desenvolvimento de algumas capacidades como força, agilidade, destreza, aos jogos tem cabido a representação das experiências lúdicas da própria comunidade. Até hoje, nos programas brasileiros, se evidencia a influência da calistenia e do esportivismo, ginástica artística ou olímpica, o que pode explicar o fato de a ginástica ser cada vez menos praticada nas escolas.
Constituem-se fundamentos da ginástica: "saltar", "equilibrar", "rolar/girar", "trepar" e "'balançar/embalar". Por serem atividades que traduzem significados de ações historicamente desenvolvidas e culturalmente elaboradas, devem estar presentes em todos os ciclos em níveis crescentes de complexidade.

Tradicionalmente, "saltar" é abordado na ginástica escolar como a seqüência de um movimento classificável em três fases: "impulsão-vôo-queda", correspondendo a uma aprendizagem de formas fixas de movimento, que contempla até a parte do pé que deve apoiar-se primeiro na queda.


CAPITULO 4:
Avaliação do Processo Ensino-Aprendizagem em Educação Física
Neste capítulo será abordado o tema da Avaliação do Processo ensino-Aprendizagem em Educação Física sob os seguintes aspectos:
- Que significado esse processo tem assumido, predominantemente, e a que concepção de escolarização e Educação Física o modelo atual responde?
- Em que condições objetivas concretas vem se dando a avaliação do processo ensino-aprendizagem da Educação Física nas escolas brasileiras?
- Que novas referências buscamos para conduzir metodologicamente a avaliação do processo ensino -aprendizagem na Educação Física Escolar?

1. Significado da Avaliação do Processo Ensino-Aprendizagem em Educação Física
As explicações teóricas sobre a avaliação do processo ensino-aprendizagem na educação física no Brasil vêm apresentando limitações.
Essas limitações decorrem, basicamente, do entendimento restrito sobre avaliação do ensino e, ainda, por se buscar esse entendimento à luz de paradigmas (referências filosóficas, científicas, políticas) tradicionais, insuficientes para a compreensão desse fenômeno educativo em uma perspectiva mais abrangente;
Segundo Faria Junior (1989), os estudos sobre avaliação em educação física estão direcionados por um único referencial, a saber, o paradigma docimológico clássico,1 onde as preocupações principais têm recaído nos métodos e técnicas usadas, criando-se testes, materiais e sistemas, estabelecendo-se critérios com fins classificatórios e seletivos. Essa ênfase tem servido para confundir e ocultar importantes reflexões sobre avaliação, reforçando a função seletiva, disciplinadora e meritocrática que a mesma assume na escola. Isso consolida, através dos instrumentos e medidas, a legitimação do fracasso, a discriminação, a evasão e expulsão dos alunos, principalmente daqueles oriundos da classe trabalhadora.2
A avaliação do processo ensino-aprendizagem é muito mais do que simplesmente aplicar testes, levantar medidas, selecionar e classificar alunos.
E para compreender isso é necessário considerar que a avaliação do processo ensino-aprendizagem está relacionada ao projeto pedagógico da
escola, está determinada também pelo processo de trabalho pedagógico, processo inter-relacionado dialeticamente com tudo o que a escola assume, corporifica, modifica e reproduz e que é próprio do modo de produção da vida em uma sociedade capitalista, dependente e periférica.
Com isso se quer dizer que formas de educação — que por sua vez se explicitam em teorias educacionais, teorias pedagógicas — decorrem do modo como se produz a existência humana. Essas teorias fundamentam procedimentos metodológicos, entre os quais destacamos as práticas avaliativas.
Sem o reconhecimento dessas inter-relações dialéticas, como o são. por exemplo: a seleção, a retenção e a eliminação; o acesso ao conhecimento: a distinção teoria-prática em função das atribuições no processo de trabalho torna-se muito difícil compreender a avaliação como elemento metodológico complexo que compõe a prática pedagógica cotidiana de professores, alunos e administradores escolares.
A partir de dados obtidos da observação sistemática das aulas de Educação Física verifica-se que a avaliação tem sido entendida e tratada, predominantemente, por professores e alunos para: a) atender exigências burocráticas expressas em normas da escola; b) atender a legislação vigente: e c) selecionar alunos para competições e apresentações tanto dentro da escola quanto com outras escolas. Geralmente é feita pela consideração da “presença” em aula, sendo este o único critério de aprovação ou, então, reduzindo-se a medidas de ordem biométrica: peso, altura etc. bem como de técnicas: execução de gestos técnicos, "destrezas motor”, "qualidades físicas”, ou simplesmente, não é realizada.
Esses entendimentos negligenciam, entre outras coisas, o fato de que d avaliação contem um caráter "formal", aparente, explicitado e assumido pela escola, por exemplo, na determinação de períodos para avaliação e de notas, na seleção dos talentos esportivos etc. Contém, ainda, um caráter “não formal" expresso em todas as condutas e comportamentos que constantemente, durante a aula, o professor utiliza para situar o aluno em relação aos seus conhecimentos, habilidades e valores.
Isso pode ser verificado nas vezes em que o professor, durante uma aula, dá atenção aos considerados "mais capazes" em detrimento dos demais, ou quando atribui aos alunos a responsabilidade de dividir grupos, equipes, cabendo isso aos identificados como "líderes" em função de suas competências e habilidades para a atividade. Verifica-se, ainda, posturas, gestos e manifestações verbais onde o professor, valendo-se de sua "autoridade" implícita ou explícita, classifica os alunos entre os "mais" e "menos" capazes para a realização das atividades.
Outra negligência grave é a desconsideração da reflexão a respeito do papel que a avaliação assume enquanto elemento constitutivo de um projeto pedagógico. Essa função, na escola, tem servido para selecionar, segregar,
retardar ou eliminar o aluno, seja para a equipe, para a apresentação ou demonstração, para a série seguinte, para o mercado de trabalho.
Essa perspectiva limitada do sentido e da finalidade da avaliação pode, ainda, ser exemplificada nas conseqüências pedagógicas quando a referência para a avaliação é a aptidão física, e os critérios decorrem do sistema esportivo de alto rendimento.
As crianças são observadas, medidas, comparadas em seus desempenhos predominantemente "motores" e fisiológicos: capacidade cardiovascular-respiratória, pois o que se busca, enfaticamente, são os "talentos esportivos", aqueles que participarão dos jogos ou das demonstrações "representando" a turma ou a escola.
A ênfase na busca do talento esportivo e no aprimoramento da aptidão física vem condicionando, em parte, a aula e o processo avaliativo, transformando a educação física escolar numa atividade desestimulante, segregadora e ate aterrorizante, principalmente para os alunos considerados menos capazes ou não aptos, ou que não estejam decididos pelo rendimento esportivo.
Esse reducionismo das possibilidades pedagógicas da Educação Física traz, como conseqüência, limitações nas finalidades, forma e conteúdo da avaliação.
Tanto quanto em outras disciplinas e atividades escolares, desconsidera-se que as crianças e jovens chegam à escola determinados pela sua condição de classe, "'marcados" por ela em seus corpos e em suas possibilidades corporais. Desconhecendo-se essas condições, as crianças passam a ser "homogeneizadas", "igualadas".
Para isso utiliza-se, predominantemente, o princípio do Rendimento Olímpico: mais alto, mais forte, mais veloz, neutralizando-se o caráter de classe através de medidas e avaliações que legitimam as seleções, classificações, eliminações realizadas tanto formal quanto informalmente durante as aulas.
Sutis, esses mecanismos são assegurados em várias instâncias. Por exemplo, através da legislação: Decreto n9 69.450/71, que trata dos padrões de referência para o alcance dos objetivos da Educação Física, esportiva, recreativa, ou a Lei n9 6.251/75, que estabelece como objetivo básico da Política Nacional de Educação Física o "aprimoramento da aptidão física da população", e ainda através da organização do processo de trabalho na escola, dos conselhos de classe enquanto instância avaliativa. Outra instância é a mediação do professor que, no espaço da aula de Educação Física, transmite e assegura determinados valores, concepções etc. As instâncias mencionadas contribuem, assim, para dar um sentido à escolarização e. dentro desta, à Educação Física que não corresponde aos interesses da classe trabalhadora, que quer ver seus filhos freqüentarem uma escola pública de qualidade.
Portanto, é preciso que se reconheça que existem possibilidades concretas para a materialização desta ou de outras referências para a avaliação do processo ensino-aprendizagem na Educação Física.
As considerações seguintes visam apresentar elementos para a materialização de outras perspectivas da avaliação, tendo como referência um projeto histórico distinto do que está posto.3
2. O Quadro Atual da Avaliação do Processo Ensino-Aprendizagem em Educação Física
A proposta de novas referências na condução metodológica da avaliação exige que sejam explicitados os valores e as concepções básicas que as assegurem.
Essas referências configuram o projeto pedagógico4 e remetem-nos a considerar os fins da educação.
A Educação Física, em seu processo de ensino-aprendizagem, está condicionada pelos significados que lhe são atribuídos tanto pela legislação vigente, quanto pelo processo de trabalho estabelecido no interior da escola e pelos conhecimentos e concepções dos professores e alunos envolvidos.
Nesse confronto, onde entram em questão projetos pedagógicos diferentes e até antagônicos, tem prevalecido a "orientação" oficial advinda do sistema esportivo. Essa "orientação oficial" determina as condições organizacionais das escolas, as quais condicionam a prática pedagógica da Educação Física, dando-lhe um significado, uma finalidade, um conteúdo e uma forma.
O significado é a meritocracia, a ênfase no esforço individual. A finalidade é a seleção. O conteúdo é aquele advindo do esporte, e a forma são os testes esportivo-motores.
Um dos estudos realizados na década de 80 junto a escolas de 1° grau e que evidencia a predominância da tendência reprodutivista, ou seja, tendência de manutenção do status quo, é o de Ferreira (1984). Constatou-se nesse estudo que, dentro de uma perspectiva reprodutivista:
1) O foco do ensino tem sido o sistema esportivo, determinando-se a partir daí os objetivos voltados predominantemente para promover o treinamento do esporte, transformando-o em trabalho com vistas ao alto rendimento.
2) As fontes de informação para seleção de conteúdos têm sido as técnicas e habilidades esportivas e o conhecimento dos mecanismos psico-fisiológicos do treinamento, do rendimento.
3) As normas e sanções advêm da performance e das vitórias esportivas, das competições e classificações por desempenho.
4) O professor é o controlador, treinador técnico e a idéia que se tem do aluno é a de um atleta em potencial, objeto de treinamento.
5) Entende-se aí as metodologias como modelos referenciados em desenhos ideais, predominando os procedimentos diretivos, ou seja, iniciativas centradas no professor.
6) O principal critério de avaliação e o modelo de desempenho predeterminado, sucesso em competições. A ênfase recai na avaliação somativa, ou seja, na avaliação entendida como soma de partes, soma de avaliações parciais.
Essas referências da avaliação em Educação Física têm sido causadoras da alta ansiedade que aflige os alunos, quando levados a situações de sobrepujar, de competir, de comparar, de selecionar, de classificar constantemente durante as aulas. Para verificar isso, basta que se observe como o professor comanda as atividades e as regras e normas constitutivas das aulas que são privilegiadas.
O aluno, na maioria das vezes, não tem acesso a informações sobre seu desempenho, ou, quando as tem, estas são vagas e imprecisas ou referem-se unicamente a dados mensuráveis, comparáveis, negligenciando-se referências qualitativas do processo ensino-aprendizagem.
Os graus de desempenho têm sido acentuadamente usados e a avaliação tem suas referências em rendimentos máximos observáveis em situações de competição. Podemos identificar esse uso, por exemplo, no sistema esportivo escolar ora vigente, que atribui bolsas de estudos para alunos com desempenho máximo, incentivando e acobertando a constante "compra" de atletas das escolas da rede pública para aquelas da rede particular ou clubes.
Os conteúdos das aulas de Educação Física restringem-se às modalidades esportivas — ainda assim, tratados parcialmente —, negligenciando-se outros conhecimentos da cultura corporal.
Mas não sendo este, que outro sentido, finalidade, conteúdo e forma a avaliação do processo ensino-aprendizagem da Educação Física pode assumir na escola? Que outros procedimentos metodológicos podem ser privilegiados?
3. Referencias para Conduzir Metodologicamente a Avaliação do Processo Ensino-Aprendizagem em Educação Física
Na perspectiva dos autores deste livro, a Educação Física é compreendida como uma disciplina do currículo, cujo objeto de estudo é a expressão corporal como linguagem.
É, portanto, através da expressão corporal enquanto linguagem que será mediado o processo de sociabilização das crianças e jovens ma busca da apreensão e atuação autônoma e crítica na realidade, através do cimento sistematizado, ampliado, aprofundado, especificamente no âmbito da cultura corporal.
Nessa perspectiva, evidenciam-se possibilidades de a Educação R trazer contribuições relevantes ao esforço coletivo de construção de um projeto político-pedagógico que se concretiza através da dinâmica do currículo, conforme já se explicou nos capítulos anteriores.
Para compreender a questão da avaliação, portanto, não se pode cair no reducionismo de um universo meramente técnico de entendimento, sendo necessária a consideração de outras dimensões desse processo como, por exemplo, as suas significações, implicações e conseqüências pedagógicas, políticas e sociais.
Cada vez mais, compreende-se que a avaliação é um dos aspectos essenciais do projeto pedagógico, justamente por ser através dela que se cristalizam mecanismos estruturais e limitantes no processo ensino-aprendizagem.
Em suma, o sentido da avaliação do processo ensino-aprendizagem em Educação Física é o de fazer com que ela sirva de referência para a análise da aproximação ou distanciamento do eixo curricular que norteia o projeto pedagógico da escola.

4. Finalidades, Conteúdo e Forma para uma Proposta de Avaliação
A seguir, são explicitadas finalidades, conteúdos e forma para uma proposta de avaliação do processo ensino-aprendizagem da Educação Física, na perspectiva da reflexão de uma pedagogia crítico-superadora, conforme colocada nos capítulos anteriores.
Entre os aspectos a serem considerados e reconsiderados em uma proposta são apresentados os seguintes, sem exaurir outras possibilidades:
4.1 O Projeto Histórico
A explicitação das referências às quais a avaliação da Educação Física deve estar articulada. Não basta mencionar que a avaliação deve estar referenciada nos objetivos do plano escolar. Deve-se ter em conta, claramente, o projeto histórico, ou seja, a sociedade na qual estamos inseridos e a queremos construir e o projeto pedagógico daí decorrente que se efetiva na dinâmica curricular, materializada nas aulas. Nos capítulos 1 e 2 deste livro foram explicitadas as referências básicas às quais estão articuladas os procedimentos avaliativos propostos aqui.
4.2 As Condutas Humanas
A consideração de que o processo ensino-aprendizagem da Educação Física envolve aspectos de conhecimento, habilidades e atitudes, levando-se em conta as condutas sociais dos alunos nas suas mais diversas manifestações, tendo a expressão corporal como linguagem. A proposta de avaliação do processo de ensino-aprendizagem da Educação Física ceve. portanto, levar em conta a observação, análise e conceituação de elementos que compõem a totalidade da conduta humana e que se expressam no desenvolvimento de atividades.
4.3 As Práticas Avaliativas
A superação de práticas mecânico-burocráticas (aplicar testes, selecionar alunos, dar notas, detectar talentos) pela busca de práticas produtivo-criativas e reiterativas,6 que possibilitem "mobilizar plenamente a consciência dos alunos, seus saberes e suas capacidades cognitivas, habilidades e atitudes para enfrentar problemas e necessidades, buscando novas soluções para as relações consigo mesmo, com os outros e com a natureza, e que estas soluções criativamente encontradas sejam estendidas a outras situações semelhantes" (Waiselfísz, 1990:60). As práticas avaliativas produtivo-criativas e reiterativas buscam imprimir à avaliação uma perspectiva de busca constante da identificação de conflitos no processo ensino-aprendizagem, bem como a superação dos mesmos, através do esforço crítico e criativo letivo dos alunos e as orientações do professor.
4.4 As Decisões em Conjunto
A consideração da perspectiva dialógica. comunicativa. interativa que permita aos envolvidos no processo de avaliação participarem dos rumos da mesma em diferentes instâncias e níveis de possibilidades, significando isto o decidir em conjunto, cada qual assumindo responsabilidades na perspectiva da avaliação participativa. Dentro do marco referencial estabelecido para a aula, o aluno deve ter a possibilidade de expressar seus objetivos de ação e participar da avaliação coletiva dos mesmos.
4.5 O Tempo Pedagogicamente Necessário para a Aprendizagem
O entendimento da avaliação não somente na perspectiva da aprendizagem, mas também do ensino, levando-se em conta que uma das funções da mesma é informar e orientar para a melhoria do processo ensino-aprendizagem. Como exemplo menciona-se a atenção a ser dada ao tempo pedagogicamente necessário para que a aprendizagem se efetive, ou a destinação de um número determinado de aulas para tratar de uma dada problematização, que deve ser adequado ao ritmo de aprendizagem da turma. Isso significa que a avaliação do processo ensino-aprendizagem deve levar em conta, também, a análise das decisões que competem ao professor ou à equipe pedagógica da escola.
4.6 A Compreensão Crítica da Realidade
O rompimento definitivo com visões abstratas, irreais que "homogeneizam" e "igualam" os alunos, condicionando entendimentos equivocados de educação, ensino e aprendizagem. Deve-se considerar na avaliação que o patrimônio cultural que se expressa nas possibilidades corporais, no acervo de conhecimentos sobre a cultura corporal, se diferencia de acordo com a condição de classe dos alunos. O uso de medidas e avaliação não deve neutralizar, mas, sim, possibilitar uma leitura crítica dessas condições para. a partir daí, ampliar e aprofundar a compreensão dessa realidade.
4.7 O Privilégio da Ludicidade e da Criatividade
Reconsideração do papel da escola enquanto "celeiro de talentos esportivos”, que tem condicionado a avaliação a detectar talentos. Reconsiderar também o princípio do rendimento: "mais alto", "mais forte" e "mais veloz"', passando-se a privilegiar os princípios da ludicidade e da criatividade.
4.8 As Intencionalidades e Intenções
Considera eu, também na avaliação, confrontam-se sentimentos e significados, onde se interpenetram dialeticamente a intencionalidade (interesses e necessidades objetivas e subjetivas dos alunos) e as intenções (objetivas e subjetivas) da sociedade, expressas nas propostas curriculares que mobilizam interesses de classes antagônicas.
4.9 A Nota Enquanto Síntese Qualitativa
Redimensionar o sentido burocrático do dar nota fazendo-a síntese qualitativa do processo de aprendizagem do aluno. Significa, ainda, fazer da nota um resultado que permita constatar a aproximação ou o distanciamento do
eixo curricular privilegiado no projeto pedagógico e não um castigo ou compensação para o aluno.
4.10 Reinterpretação e redefinição de valores e normas
Considerar que também nos variados momentos avaliamos coloca-se a necessidade de criar situações onde normas e valores, regras e padrões que informam tais condutas devem ser criticados, reinterpretados e redefinidos. Durante a aula, portanto, os alunos devem participar criticamente da reinterpretação dos valores e procedimentos que sustentam a avaliação.



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Portanto, implica considerar, na avaliação do processo ensino-aprendizagem da Educação Física, que o desempenho do aluno (conhecimento, habilidades, atitudes) precisa ser entendido e explicado não somente em sua aparência, mas também naquilo que é possível reconhecer, enquanto determinantes de tais desempenhos. Isso deve ser fruto de um esforço pedagógico coletivo de professores e alunos. No considerar a inter-relação das dimensões qualitativa e quantitativa possíveis na avaliação do processo ensino-aprendizagem, ampliando-se as fontes de informação e os níveis de análise.
No entanto, esse, é mais um desafio do profissional de educação física, onde as aulas, não oferecem os mesmos atrativos, que na maioria dos casos gera certos desinteresses e falta de motivação, identificada por vários motivos sendo que o professor deve – se fazer uso da  utilização de  instrumentos para estimular e motivar os alunos, permitindo coletar informações sobre seus desempenhos.
E necessário levar em conta que o erro compõe o processo de aprendizagem e faz parte da construção do domínio de novos conhecimentos, habilidades e atitudes. Por exemplo, durante a realização de um salto: se, na finalização do mesmo, em uma situação de verificação de aprendizagem, o aluno não domina bem seu corpo e perde o equilíbrio, não deve ser punido por isso. Atribuir a esse aluno uma nota baixa, ou eliminá-lo de apresentações ou outras exercitações, é puni-lo duplamente. Primeiro por ter "errado" e segundo por ter que carregar o "peso" de uma nota baixa ou de uma reprovação. Pode-se exemplificar ainda com o voleibol, onde se identificam o erro e o acerto como elementos constitutivos do jogo. Caso não existisse a possibilidade do erro (sacar fora da quadra, não receber bem o saque, errar o passe, deixar a bola cair etc.) o jogo seria inviável. Portanto, tem que se admitir a necessidade de uma reconsideração do sentido do insucesso e do erro nas avaliações em Educação Física, buscando muito mais entender os seus determinantes, explicá-los e, coletivamente, construir desempenhos corporais interessantes e adequados ao aluno, ao grupo e ao projeto pedagógico da escola, na interpretação do insucesso e do erro é a principal base da aprendizagem.
É imprescindível que nos eventos avaliativos seja feita uma observação em todos os aspectos da aula, mesma que de informalmente mais mediada pelo professor. Tudo isto pode ser reconhecido e observado no próprio professor através de sua expressão, seu modo de olhar, agir e falar e etc. Simples momentos avaliativos não são considerados, mas influem decisivamente no processo ensino-aprendizagem, e por isso defendemos a sua consideração no processo de análise sobre a adequação do que se realiza quando dinamizamos o currículo escolar.
Essas considerações e reconsiderações, bem como suas implicações metodológicas na prática avaliativa, buscam uma abrangência da avaliação do processo ensino-aprendizagem da educação física na perspectiva da recuperação da dinâmica do processo de ensino-aprendizagem auxiliando muito em aula.
A avaliação na aula e seus procedimentos metodológicos: Um Exemplo
Considera-se a Educação Física na perspectiva da reflexão sobre a cultura corporal. Isto implica em uma nova forma de como o aluno interpretará e compreenderá a realidade da cultura e expressão corporal.
Em relação à preparação da aula a professora selecionou um determinado tema da cultura corporal afro – brasileira. Depois foi elaborado ela planejou a aula em duas partes: uma, de fundamentação teórica Outra, de desenvolvimento da aula, onde foram descritos os procedimentos de introdução ao tema, explicações, exercitações, experimentações, descobertas, elaboração de séries, elaboração de uma comunicação escrita e apreciações sobre o evento aula. Logo mais para análise dos momentos avaliativos no desenvolvimento da aula, se faz imprescindível a observação sistemática. Em vários momentos da aula a professora buscou a configuração de sínteses que pressupõem a organização de dados constatados, a sua interpretação, compreensão e explicação sempre questionando os alunos em relação ao tema proposto.
Por último, constata-se mais um momento avaliativo, onde a professora e os alunos discutem a elaboração de novas sínteses sobre o conteúdo tratado, agora por escrito, e fazem apreciações pessoais sobre a aula.
O que se pretende é deixar evidente que a avaliação não se reduz a partes, no início, meio e fim de um planejamento, ou a períodos predeterminados. Não se reduz a medir, comparar, classificar e selecionar alunos. Muito menos se reduz a análise de condutas esportivo-motoras, a gestos técnicos ou táticas.
A avaliação, portanto, deve servir para indicar o grau de aproximação ou afastamento do eixo curricular fundamental, norteador do projeto pedagógico que se materializa nas aprendizagens dos alunos.
Ou seja, a educação física em âmbito escolar deve contribuir para a afirmação dos interesses populares na medida em que trata de conhecimentos historicamente produzidos e acumulados de forma crítica para que o aluno seja capaz de identificar as contradições sociais e se identificar como sujeito produto e produtor histórico-social.



6- Uma Aula Nesse Perspectiva


  VIVÊNCIA COTIDIANA DO CONTEÚDO

Primeiramente, o aluno será questionado para que saibamos do nível de conhecimento que eles possuem sobre os jogos cooperativos e competitivos sempre levando em consideração o saber do aluno. Após isso, iremos expor o conteúdo para que eles conheçam a dimensão do tema.


Ø    Quem sabe o que são jogos ? E Seu percurso historico ate hoje ?

Ø    Quais tipos de jogos voces conhecem?

Ø    Pra voces o que é cooperar e compertir ?

Ø    Quem já ouviu falar em jogos cooperativos? E os competitivos ?

Ø    Nestes tipos de jogos todos podem participar?

Ø    Aonde que tiveram esse primeiro contato ?

Ø    Esse primeiro contato foi por meio das aulas de Educaçao Fisica?

Ø    Quais os tipos de jogos que voces mais gostam ?

Ø    Alem desse conteudos quais foram visto por voceis ?

Ø    Na opinião de voces é possivel desenvolver os jogos em qualquer local ?


PROBLEMATIZAÇÃO

 IDENTIFICAÇÃO E DISCUSSÃO SOBRE AS PRINCIPAIS PROBLEMAS POSTOS PELA PRÁTICA SOCIAL INICIAL E PELO CONTEÚDO.

Ø Há possibilidades de se praticar os jogos cooperativos e competitivos na escola?
Ø Os jogos cooperativos e competitivos são praticados nas aulas de Educação Física?
Ø Em geral, todos podem jogas esses tipos de jogos?
Ø Estes tipos de jogos podem ser realizados em qualquer ambiente?
Ø É possível meninos e meninas jogarem juntos?
Ø Qual a maior dificuldade encontrada para a realização dos jogos na escola?

ESPECIFICAÇÕES DOS CONTEÚDOS A SEREM TRABALHADOS

Ø Histórico: Origem dos jogos na sociedade?
Ø Conceitual: O que é os jogos competitivos e cooperativos?
Ø Social: Qual influencia da sociedade sobre o jogo
Ø Econômico: Qual a colaboração dos órgão públicos e da própria escola para que haja a pratica dos jogos competitivos e cooperativos?


INSTRUMENTALIZAÇÃO
PROCEDIMENTOS DO DOCENTE PARA A CONSTRUÇÃO DO CONHECIMENTO

Na parte prática
·                   Realização de aulas práticas;
·                   Vivência de jogos lúdicos;
·                   Realização de dinâmicas em para compreenderem sobre cooperação;
·                   Realização de jogos que envolvam o tema escolhido;
·                   Realização de atividades que envolvam ao mesmo tempo jogos cooperativos e competitivos.
·                   Realização de atividades em sala de aula

   RECURSOS E MATERIAIS

·                    Quadra escolar.
·                    Sala de aula
·                    DVD
·                    Corda
·                    Arcos
·                    Cones
·                    Papel sufite
·                    Bolas
·                    Barbante
·                    Lápis de cor
·                    Cadeiras
·                    Garrafas pets
·                    Giz
·                    Quadro
·                    Peças de xadrez
·                    Tabuleiro

CATARSE

ELABORAÇÃO TEÓRICA DA SÍNTESE

Os jogos estão presentes na humanidade desde os primórdios onde eles eram utilizados mais para a sobrevivência do que para o prazer. Hoje os jogos são desenvolvidos de forma lúdica nas escolas onde há uma variedade dos mesmos nos conteúdos da Educação Física sendo uma ferramenta de grande valor para o desenvolvimento motor, sócio-afetivo e cognitivo. 
O jogo faz parte de uma cultura passada de geração em geração onde em cada lugar, há uma maneira de se jogar e um significado específico para a realização desta atividade. O jogo é dotado de características que o diferencia das brincadeiras, tornando-o mais dinâmico e divertido.
As principais características do jogo são: regras, ganhadores e perdedores, expressividade, criatividade, autonomia, flexibilidade, espontaneidade, e imaginação.  Portanto, é preciso que o professor de Educação Física em suas aulas incorpore os jogos lúdicos de maneira divertida e harmoniosa para que ele agregue valores e desenvolva uma maior afinidade com o professor e colegas de classe.

AVALIAÇÃO

A avaliação será contínua, no qual os professores irão observar se as atividades propostas estão sendo desenvolvidas normalmente pelos alunos. Se houver dificuldades, ocorrerá uma intervenção para um melhor entendimento por parte do aluno.
Após a aplicação das aulas, os alunos irão relatar através de um diálogo aberto o que aprenderam sobre os jogos cooperativos e competitivos.


PRÁTICA SOCIAL FINAL DO CONTEÚDO

 INTENÇÕES DO ALUNO

Ao final da aplicação deste projeto esperamos que, os alunos da Educação Fundamental Fase I,  adquirir o máximo de informações sobre os Jogos Competitivos e Cooperativos a fim de entender que é possível inseri-los na escola, mais especificamente nas aulas de Educação Física mesmo que haja dificuldades para sua prática.  Esperamos também, que o aluno construa seu conhecimento por meio dos jogos lúdicos e através deles, tenham consciência de que é possível incluir meninos e meninas como uma equipe trabalhando juntos e desta forma, descobrir o quanto é prazeroso brincar em conjunto. 

 AÇÕES DO ALUNO

A vivência dos conteúdos nas aulas será importante para que o aluno utilize os conhecimentos adquiridos para melhorar sua convivência cotidiana dentro e fora da escola, como não excluir colegas de classe sendo menino ou menina e contribua para ajudar em ações de rotina. Devem também incentivá-lo a jogar em outros locais como ruas e pátios para que tenham momentos divertidos e de lazer com os amigos.



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