O stress é uma reação
intensa do organismo frente a qualquer evento bom ou mau que altere a vida do
indivíduo. Essa reação ocorre, em geral, frente à necessidade de adaptação
exigida do indivíduo em momentos de mudança (Everly, 1989).
A adolescência é um período
do desenvolvimento no qual o individuo é confrontado ao mesmo tempo com
mudanças físicas e psicossociais, envolvendo uma série de tarefas
desenvolvimentais complexas e inter-relacionadas, tais como conseguir autonomia
em relação aos pais, estabelecer relações amorosas e desenvolver uma identidade
vocacional, entre outras (Havighurst,1972)
De acordo com Wagner e
Compas (1990) enquanto que no início da adolescência os agentes de stress
parecem estar mais relacionados com a família, no meio da adolescência
tornam-se mais salientes os relacionamentos com os grupos de amigos.
Segundo alguns autores, o
inicio da adolescência pode ser visto como um período potencialmente indutor de
stress, devido ao fato do adolescente ter de lidar com muitas mudanças e
transições simultaneamente (Rice et al.,
1993, Shlossberg, 1981, Seiffge-Krenke, 1995; Simmons, Burgeson &
Carlton-Ford, 1897; Zins & Ponti, 1985)
O processo de stress passa
por três fases: alerta, resistência e exaustão. A fase de alerta se caracteriza
por reações do sistema nervoso simpático, quando o organismo percebe o
estressor (o evento). A resistência apresenta-se quando esse estressor
permanece presente por períodos prolongados ou se é de grande dimensão. Na fase
de exaustão, o stress ultrapassou a possibilidade do indivíduo conviver com ele
e está associado a diversos problemas como úlceras, gengivites, psoríase,
hipertensão arterial, depressão,
ansiedade,problemas sexuais, dentre outros. Cada fase envolve uma
sintomatologia diferenciada que é acompanhada de mudanças hormonais
correspondentes (Selye, 1956).
Como
tratar o stress?
Em primeiro lugar deve-se
sempre lembrar que os efeitos do stress podem ser completamente revertidos se a
pessoa ainda não chegou ao ponto de ter contraído doenças mais graves. Se você
já tem alguma manifestação física (enfarte, úlcera, psoríase etc.) desencadeada
por um stress muito grande ou pela somatória de muitos fatores estressantes,
pequenos mas constantes, seu tratamento necessariamente deverá ser feito por um
psicólogo especialista em stress e por um médico especialista na área afetada.
Lembre-se: tratar só a doença física sem aprender a lidar com o stress não vai
ser eficaz por muito tempo, ao mesmo tempo em que tratar apenas a causa do
stress não vai ser suficiente para curar uma doença física já estabelecida. Se
você ainda não tem alguma doença física ou mental, mas não consegue resolver o
problema sem ajuda, o tratamento deverá ser feito por um psicólogo especialista
em stress. Há tipos de terapia que são extremamente eficazes para outros
problemas e dificuldades, mas que não o são para o stress. Lembre-se também de
que outros especialistas, como médicos, dentistas, fisioterapeutas etc. não
estão treinados para lidar com as causas do stress. Compete ao psicólogo a
função de auxiliar o paciente a trabalhar com as fontes de stress,
principalmente se elas forem internas, criadas pelo modo de ser do próprio
indivíduo.
SINDROME DE BURNOUT
A síndrome de burnout, ou síndrome do esgotamento profissional, é
um distúrbio psíquico descrito em 1974 por Freudenberger, um médico
americano. O transtorno está registrado no Grupo V da CID-10
(Classificação Estatística Internacional de Doenças e Problemas
Relacionados à Saúde).
Sua principal característica é o estado de tensão emocional e
estresse crônicos provocado por condições de trabalho físicas, emocionais
e psicológicas desgastantes. A síndrome se manifesta especialmente em
pessoas cuja profissão exige envolvimento interpessoal direto e intenso.
Profissionais das áreas de educação, saúde, assistência social,
recursos humanos, agentes penitenciários, bombeiros, policiais e mulheres
que enfrentam dupla jornada correm risco maior de desenvolver o
transtorno.
Sintomas
O sintoma típico da síndrome de burnout é a sensação de esgotamento
físico e emocional que se reflete em atitudes negativas, como ausências no
trabalho, agressividade, isolamento, mudanças bruscas de humor,
irritabilidade, dificuldade de concentração, lapsos de memória, ansiedade,
depressão, pessimismo, baixa autoestima.
Dor de cabeça, enxaqueca, cansaço, sudorese, palpitação, pressão
alta, dores musculares, insônia, crises de asma, distúrbios
gastrintestinais são manifestações físicas que podem estar associadas
à síndrome.
Diagnóstico
O diagnóstico leva em conta o levantamento da história do paciente
e seu envolvimento e realização pessoal no trabalho.
Respostas psicométricas a questionário baseado na Escala Likert
também ajudam a estabelecer o diagnóstico.
Tratamento
O tratamento inclui o uso de antidepressivos e psicoterapia.
Atividade física regular e exercícios de relaxamento também ajudam a
controlar os sintomas.
Recomendações
* Não use a falta de tempo como desculpa para não praticar
exercícios físicos e não desfrutar momentos de descontração e lazer.
Mudanças no estilo de vida podem ser a melhor forma de prevenir ou tratar
a síndrome de burnout;
* Conscientize-se de que o consumo de álcool e de outras drogas
para afastar as crises de ansiedade e depressão não é um bom remédio para
resolver o problema;
* Avalie quanto as condições de trabalho estão interferindo em sua
qualidade de vida e prejudicando sua saúde física e mental. Avalie também
a possibilidade de propor nova dinâmica para as atividades diárias e
objetivos profissionais.
COMPREENDENDO
A SÍNDROME DE BURNOUT
O
Burnout é um estado de estresse cronificado. Todos
padecemos de estresse, e um mundo de estressores está sempre presente no
quotidiano das nossas vidas. Mas, quando não sabemos lidar com o estresse,
podemos sucumbir. Uns lidam com a
situação de estresse, fugindo da mesma, outros tentam ignora-la ou nega-la, e
outros procuram fazer frente a ela, encontrando alternativas saudáveis para
lidar com a situação. Para chegar a se
constituir em uma síndrome, nosso organismo nos alerta antes e busca formas de
combate ou compensação, até verificar, em certos casos, que a luta é inglória e
cronifica-se o estrese como um traço ou uma síndrome, que poderá desembocar em
doenças físicas, psicossomáticas, psíquicas (depressão), ou sociais (psicopatias).
A Sindrome de Burnout é constituída, segundo Maslach e Leiter (1999), por três
dimensões:
-
Exaustão Emocional: Falta de
energia, sentimento de esgotamento afetivo.
-
Despersonalização: Estabelecimento de relações interpessoais de
forma fria, caracterizando insensibilidade emocional.
-
Baixa
realização pessoal: Auto-avaliação
negativa, falta de motivação para o
trabalho.
Será que esta Síndrome caracteriza aos
docentes de escolas particulares? Wanderley Codo (1999) encontrou em amostra de
39.000 docentes dos diferentes estados do Brasil que 48,4% possuem
comprometimento em alguma das três dimensões do Burnout, sendo o Rio Grande do Sul, o sétimo estado com ‘pior’
saúde docente. Por outro lado, em
amostra de professores de escolas particulares dos três níveis de ensino, de
uma cidade do interior do RS, Moura (2000) observou a presença de Burnout em níveis médios. A autora explica que para manter em
equilíbrio o funcionamento psíquico, os docentes desenvolvem formas de
resistência ou enfrentamento como a procura de auto-regulação permanente, que
se afastados da saúde (pólo prazer-saúde), pode levar à doença. Assim, ao mesmo tempo que os professores
avaliam a profissão como ‘um jogo que desafia e gratifica’, também a qualificam
como profissão ‘desgastante, explorada e desvalorizada’, denominando esta
atitude patogênica como de ‘normalidade sofredora
REFERÊNCIAS
Codo,
W. & Batista, A. S. (1999). O que é
burn-out. Em Educação Carinho e Trabalho (pp.237-253). Codo, W. (org.) Petrópolis: Editora Vozes.
Maslach, C. & Leiter, M.P.
(1999). Trabalho: Fonte de prazer ou desgaste? Guia para vencer o
estresse na empresa (M.S. Martins, Trad.). Campinas: Papirus.
((original publicado em 1997).
Moura,
E.P.G. (2000). Esgotamento profissional (burnout)
ou Sofrimento Psíquico no Trabalho: O caso dos professores da Rede de ensino
particular. In Sarriera. J.C.
(Org). Psicologia Comunitária - Estudos Atuais. Porto Alegre: Sulina.
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