Resumo
do livro: “Educação Física Escolar: fundamentos de uma abordagem
desenvolvimentista”.
TANI, GO; MANOEL, Edson de Jesus; KOKUBUN,
Eduardo; PROENÇA, José Elias de. Educação Física Escolar: fundamento de
uma abordagem desenvolvimentista. São Paulo: EPU: Editora da Universidade de
São Paulo, 2011.
O modelo desenvolvimentista
foi dirigido inicialmente para crianças de 4 a 11 anos, buscando, nos processos
de aprendizagem e desenvolvimento, uma fundamentação para a Educação Física
escolar. Segundo seus autores (Tani, Manoel, Kokubun e Proença), é uma
tentativa de caracterizar a progressão normal do crescimento físico, do
desenvolvimento fisiológico, motor, cognitivo e afetivo-social na aprendizagem
motora e, em função dessas características, sugerir aspectos relevantes para a
estruturação das aulas.
Os autores dessa abordagem
defendem a ideia de que o movimento é o principal meio e fim da Educação
Física, garantindo a especificidade do seu objeto. Sua função não é desenvolver
capacidades que auxiliem a alfabetização e o pensamento lógico-matemático,
embora isso possa ocorrer como um subproduto da prática motora. Além disso, a
proposta também não é buscar na Educação Física solução para todos os problemas
sociais do País, com discursos genéricos que não dão conta da realidade.
Em suma, uma aula de
Educação Física deve privilegiar a aprendizagem do movimento, embora possam
estar ocorrendo outras aprendizagens em decorrência da prática das habilidades
motoras – um dos conceitos mais importantes dentro dessa abordagem, pois é
através delas que os seres humanos se adaptam aos problemas do cotidiano,
resolvendo problemas motores. Como as habilidades mudam ao longo da vida,
originaram uma importante área de conhecimento: a área de Desenvolvimento
Motor. Uma outra área também foi estruturada em torno da questão de como os
seres humanos aprendem essas habilidades motoras: a área da Aprendizagem
Motora.
Para a abordagem
desenvolvimentista, a Educação Física deve proporcionar ao aluno condições para
que seu comportamento motor seja desenvolvido, oferecendo experienciais de
movimento adequadas às faixas etárias. Foi proposta uma taxionomia para o
desenvolvimento motor: o estabelecimento de uma classificação hierárquica dos
movimentos dos seres humanos durante seu ciclo de vida, desde a fase dos
movimentos fetais, espontâneos e reflexos, rudimentares e fundamentais, até a combinação
de movimentos fundamentais e culturalmente determinados.
Os conteúdos devem ser
desenvolvidos segundo uma ordem de habilidades básicas e específicas. As
básicas podem ser classificadas em habilidades locomotoras (por exemplo: andar,
correr e saltar), manipulativas (por exemplo: arremessar, chutar e rebater) e
de estabilização (por exemplo: girar, rolar e realizar posições invertidas), e
as específicas são mais influenciadas pela cultura e estão relacionadas à
prática do esporte, do jogo, da dança e das atividades industriais.
É sugerido que os
professores observem sistematicamente o comportamento dos seus alunos, no
sentido de verificar em que fase eles se encontram, localizar os erros e
oferecer informações relevantes para que os erros sejam superados. Os autores
mostram-se preocupados com a valorização do processo de aquisição de
habilidades, evitando o que denominam imediatismo e busca do produto.
Há uma tentativa de fazer
corresponder o nível de desenvolvimento motor à idade em que o comportamento
deve aparecer. Por exemplo, aos 7 anos, a criança deve apresentar padrões
maduros nas habilidades básicas, ou seja, movimentos executados com qualidade
próxima à execução de um adulto. Uma das limitações dessa abordagem refere-se à
pouca importância dada à influência do contexto sociocultural sobre a aquisição
das habilidades motoras, e algumas questões ilustram este problema: Será que
todas as habilidades apresentam o mesmo nível de complexidade? Ou será que
chutar, principalmente em função da história cultural do nosso país, não é mais
simples para os meninos do que a habilidade de rebater? Ensinar a nadar em
cidades litorâneas deve ser diferente de outras regiões, tanto no que diz
respeito aos objetivos de ensinar e aprender a nadar, quanto às experiências
que as crianças têm em relação ao meio líquido?
Uma atividade que poderia
ocorrer numa aula nesta perspectiva seria a seguinte:
Os professores dividiriam os
alunos em quatro grupos e cada grupo realizaria uma atividade num lugar
específico. Depois, todos trocariam as posições (habilidades em circuitos). O
objetivo da aula seria trabalhar a habilidade de saltar. Por exemplo:
- Na primeira estação, os
alunos seriam estimulados a vir correndo e saltar entre duas cordas estendidas
no chão.
- Na segunda estação, saltar
um obstáculo que pode ser banco sueco.
- Na terceira estação, vir
correndo e saltar de lado as mesmas cordas.
- Na quarta estação,
deveriam saltar de costas entre as cordas.
Na verdade, o importante
para esta perspectiva é que os alunos não permaneçam muito tempo na fila
esperando, daí a estratégia de trabalhar em circuitos.
Outro aspecto presente nesta aula é a
importância de variar as possibilidades de saltar, frente, alto, lado e costas
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